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Os corpos sem rosto são demasiado anónimos. Demasiado mesmo. São números claro. E calamidades também. Mas um rosto dá sempre origem a uma identificação. Uma identificação entre o nós e o outro, tanta vez já só cadáver, ou já só fotografia.
Todos temos dificuldades em lidar com grandes números. O nosso cérebro parece estar mais preparado para a dor particularizada, ou algo assim. Eu não consigo imaginar quantos são "milhões de mortos". Mas, se falar de cento e poucos, consigo imaginá-los em filinha e, às tantas, até inventar uma cara para cada um deles.
Os Jogos Olímpicos da China vão acontecer. São uma inevitabilidade. E os ataques à Chama Olímpica estão a abrir um caminho de protesto que não sei que consequências poderá ter. Mas um País invadido por máquinas fotográficas e de filmar de turistas anónimos, bem como de atletas que não temam a China enquanto falam para os noticiários do Mundo, é um País onde cada rosto ficará exposto, cada violação de liberdade virará parangona.
Talvez esta demonstração de ego Chinês, esta vitrina para a realidade chinesa, acabe por ser um tiro no pé para o Governo Comunista, como Tiananmen é ainda espinho encravado na realidade da propaganda. E talvez os rostos distantes deixem de ser apenas números.
Todos temos dificuldades em lidar com grandes números. O nosso cérebro parece estar mais preparado para a dor particularizada, ou algo assim. Eu não consigo imaginar quantos são "milhões de mortos". Mas, se falar de cento e poucos, consigo imaginá-los em filinha e, às tantas, até inventar uma cara para cada um deles.
Os Jogos Olímpicos da China vão acontecer. São uma inevitabilidade. E os ataques à Chama Olímpica estão a abrir um caminho de protesto que não sei que consequências poderá ter. Mas um País invadido por máquinas fotográficas e de filmar de turistas anónimos, bem como de atletas que não temam a China enquanto falam para os noticiários do Mundo, é um País onde cada rosto ficará exposto, cada violação de liberdade virará parangona.
Talvez esta demonstração de ego Chinês, esta vitrina para a realidade chinesa, acabe por ser um tiro no pé para o Governo Comunista, como Tiananmen é ainda espinho encravado na realidade da propaganda. E talvez os rostos distantes deixem de ser apenas números.
4 comentários:
Não sei fazer futurologia e daqui até Agosto tudo pode acontecer. Mas esta era a oportunidade de ouro para o Tibet mostrar a sua existência para o mundo. Também uma câmara de televisão num cemitério em Timor fez há uns anos conseguiu despoletar as acções para o nascimento de um país.
A minha dúvida, depois de Tiananmen, a censura existente e considerando os horários laborais dos chineses, é se na China existe um governo comunista. ;)
Quando escolheram a China para acolher os JO fiquei basbaque: o país onde se aplica pena de morte por dá cá aquela palha, em que não há poder judicial independente, onde se usa mão de obra escrava de prisioneiros e crianças, onde são genericamente desrespeitados direitos humanos, de animais e ambientais? Homessa!
A justificação era política, assim tipo um incentivo à democratização.
Resultou à brava, está-se mesmo a ver.
Mas tens razão, ao menos vai haver visibilidade, e vão andar debaixo d'olho este tempo todo.
Sou contra o boicote, que os atletas não têm culpa nenhuma desta situação, mas vão ter a terrinha cheia de jornalistas, e isso pode ser bem bom. Esperemos.
Às vezes são as câmaras que fazem toda a difernça. Timor é, sem dúvida, um bom exemplo disso.
E, não, não sei se aquilo ainda é comunismo. Mas mantém os piores tiques, não te parece?
Os atletas não têm culpa mas têm olhos e boca. Não sei porquê, mas conto com eles. E com o público, claro. É que não consigo deixar de recordar com Jesse Owens foi o espinho encravado nas Olimpíadas de Hitler ;-)
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