O blogue é um parêntesis na minha vida. E a minha vida é um parêntesis no blogue. Só isso. Mais do que isso não quero, não devo, não preciso.
Obriguei-me, desde o início, a não falar de certas coisas por aqui, dai que se contem pelos dedos da mão os posts em que falo de matéria que me é próxima profissionalmente ou até da minha área de habilitações. Mas o blogue-parêntesis também nunca teve como fito promover a minha carreira ou a minha visibilidade.
Pelo contrário. Se há coisa que acho que consegui fazer bem foi transformar a Voz em parêntesis e a minha vida em parêntesis dentro da Voz. Mesmo sendo este um blogue de uma mulher egocêntrica e onde o umbigo acaba esparramado todos os dias.
Depois, com o passar dos anos e o tempo de net que fui acumulando, passei a ver este como sítio poucochinho (vá, concedo num “ainda” poucochinho), onde qualquer traque tem direito a aplauso e plateia, sendo que algumas plateias são melhor conceituadas do que outras e, desta forma, vêem-se de forma recorrente debandadas selectivas à procura do mesmo cheiro.
E eu embirro com estes carreirinhos, confesso. Talvez por causa da treta do parêntesis. Ou talvez seja uma questão de miopia minha, que não se permite querer, nem dever, nem precisar de mais do que isto.
Depois, como também não ando à caça por aqui, às vezes sinto-me um bocadinho sozinha no meio dos meus parêntesis. Mas passa-me me rápido, admito. Basta pensar na trabalheira que daria ser mais do que isto. Ou até a trabalheira que já foi ser mais do que isto e nas confusões em que me meti.
E, mesmo quando sou (aparentemente) descoberta por quem já me conheceu de outros poisos, mantenho-me quietinha. Este sossego não tem preço, mesmo que em alguns dias me apetecesse pegar nuns quantos fósforos e depois deixar-me ficar a ver o circo arder.
Melhor não! Há lições que se aprendem só uma vez.
Obriguei-me, desde o início, a não falar de certas coisas por aqui, dai que se contem pelos dedos da mão os posts em que falo de matéria que me é próxima profissionalmente ou até da minha área de habilitações. Mas o blogue-parêntesis também nunca teve como fito promover a minha carreira ou a minha visibilidade.
Pelo contrário. Se há coisa que acho que consegui fazer bem foi transformar a Voz em parêntesis e a minha vida em parêntesis dentro da Voz. Mesmo sendo este um blogue de uma mulher egocêntrica e onde o umbigo acaba esparramado todos os dias.
Depois, com o passar dos anos e o tempo de net que fui acumulando, passei a ver este como sítio poucochinho (vá, concedo num “ainda” poucochinho), onde qualquer traque tem direito a aplauso e plateia, sendo que algumas plateias são melhor conceituadas do que outras e, desta forma, vêem-se de forma recorrente debandadas selectivas à procura do mesmo cheiro.
E eu embirro com estes carreirinhos, confesso. Talvez por causa da treta do parêntesis. Ou talvez seja uma questão de miopia minha, que não se permite querer, nem dever, nem precisar de mais do que isto.
Depois, como também não ando à caça por aqui, às vezes sinto-me um bocadinho sozinha no meio dos meus parêntesis. Mas passa-me me rápido, admito. Basta pensar na trabalheira que daria ser mais do que isto. Ou até a trabalheira que já foi ser mais do que isto e nas confusões em que me meti.
E, mesmo quando sou (aparentemente) descoberta por quem já me conheceu de outros poisos, mantenho-me quietinha. Este sossego não tem preço, mesmo que em alguns dias me apetecesse pegar nuns quantos fósforos e depois deixar-me ficar a ver o circo arder.
Melhor não! Há lições que se aprendem só uma vez.
13 comentários:
Acho bem. Guarda o fogo para quando for mesmo necessário, que é para que arda tudo (mesmo) até ao fim.
às vezes, um gajo, só de saber que pode fazer arder, já é incêndio suficiente ;)
Deves imaginar o quanto me irrita ter de te contar pelo telefone o que não posso pôr em post, não é?
Não que não goste de falar contigo pelo telefone. Na verdade não gosto de falar com ninguém por telefone. E gosto de falar contigo, ponto. E de saber que me vou rir e assim. Mas há coisas que gostava de poder escrever e não me permito. E também gosto de audiência, claro. Se dissesse o contrário, estava a mentir.
Talvez tenha aprendido a brincar com os fósforos ;-)
Não são os parêntesis a maturidade?... De dar um lugar a cada coisa na nossa vida?...
Se pensares num blogue como se fosse desejo sexual vais ver que faz todo o sentido. ;)
Se te consola, também há muita coisa que gostava de por em post e não posso. Antes, não me posso permitir. Ainda assim ele há ocasiões em que até vou longe demais e acabo a escrever sobre o que não devia...
Que se lixe. Isto aqui serve para me divertir, e não para me promover, ou promover certas posições minhas. Lagarto lagarto: o anonimato é o meu conforto. Já fechei uma tasca porque me descobriram e, vindo de quem vinha, tive medo da utilização que podiam fazer da verdadeira identidade.
Tem que haver uma linha de fronteira... mas às vezes dão-me cá umas ganas de pôr a boca no trombone!
Também já fechei um Blog por ter sido descoberto pelo meu Director... Não foi uma situação nada agradável... não que dissesse mal dele ou falasse da empresa... a questão é que em pouco menos de nada já todos na empresa sabiam que eu tinha um blog, e o meu à vontade para escrever esvaiu-se por completo...
Sim, tens razão, Maria Árvore: dar umas quantas cabeçadas faz-nos crescer e pôr em ordem algumas prioridades :)
Nunca precisei fechar nenhum blogue. A verdade é que nunca tive problemas nos blogues. Talvez a minha falta de tempo seja a grande responsável, mas suspeito que também tenha tido sorte.
E, no entanto, há muito tempo atrás - no tempo em que frequentava outros poisos, incluindo um grupo que supostamente tinha entrada controlada - o meu nome e o meu emprego apareceram escarrapachados numa página da clix. Giro, não? Claro que não fez grande mossa, mas moeu. Aliás, penso que no que toca à minha vontade de permanecer anónima, nada tem a ver com a minha profissão. Nunca usei o tempo da empresa, nunca falei sobre o que faço. Se as minhas hierarquias cá vierem, nada podem fazer. Depois, tenho mesmo muito poucos rabos-de-palha. Bem menos, aliás, que qualquer pessoa que pensasse que me fazia algum dano. E um ascendente em escorpião tramado quando é preciso garantir que a vingança acontece, nem que tenha de ser servida bem gelada :D
Acho que tenho sorte. Nunca me senti coagida por nenhuma das minhas relações profissionais para deixar de escrever isto ou aquilo. Ou pelas relações extra-profissionais, já agora. Aliás, suspeito que a maioria das pessoas com que trabalho não quer saber de blogues e muitas das pessoas com quem me dou também não. Quase todos não teriam qualquer interesse em saber sobre o que eu blogo. Ou cobrar-me fosse o que fosse. A linha do que digo, como digo e sobre o que digo fui eu quem a tracei. E fi-lo no blogue porque antes não o fiz tão bem e houve consequências. E eu já ando por estes caminhos tresmalhados há muitos anos, bem antes de haver blogues, apesar de tantos quererem apregoar uma longevidade (às vezes nem sequer verdadeira) como se não tivesse havido nada na Internet antes dos blogues. Mas, caraças!, eu comecei a trocar tretas e a dar ao dedo antes de haver www.
Não sei de NADA do que falas e ainda bem. Também tenho ascendente Escorpião e gosto de vir aqui.
Prontossssssss.
eheheh
Todos sabemos um bocadinho do que falo. Basta andarmos por aqui ;-)
Ainda bem que gostas de vir :)
Mas não é só por causa do trabalho que gosto do anonimato. O que eu faço em tempo de serviço (agora, p.ex.), qualquer informático daqui pode saber (julgo eu), que o sistema tem segurança e tal e eu cá não mando nada nos registos.
A questão mais importante é a preservação da nossa esfera pessoal, a nossa intimidade. Ora se alguém que eu nunca conheci sabe quem eu sou (por causa de algum/a linguarudo/a em quem tive a triste ideia de confiar e não conhece limites sobre falar dos outros - não tenho a certeza de quem foi, mas tenho uma ideia), o que faço e por aí fora, não fico descansada. Sei lá o que me vão fazer com tal informação? Não que eu tenha rabos de palha mais gostosos, numerosos ou apetecíveis que qualquer um (lol), mas gosto muito do meu sossego.
Sou gata escaldada. Já tive uma chatice por causa de uma colega de trabalho, que espalhou um boato sobre mim. O boato "deu a volta", e alguém que me conhecia bem ouviu-o e transmitiu-mo, alertando-me para estar alerta com aquela gaja. Não houve consequências de maior, mas ainda hoje não sei quem ouviu o boato e como o interpretou.E isso doeu-me muito.
E se estas coisas se passam cá fora, onde vemos a cara às pessoas, aqui na blogolândia não me arrisco nem um niquinho a dar azo a que me suceda algo parecido. Já andei mais ao sol, mas agora é sombrinha fresquinha.
Meu rico sossego!
Entendo o que dizes. Mas, sabes, nunca escondi das pessoas com quem trabalho que mantenho o blogue, pelos menos daqueles com quem trabalho directamente. Pura e simplesmente não lhes interessa, como nem conhecem, por exemplo, o tipo de música que gosto. E quando saio com algum deles, se não é no meu carro, tenho de gramar com coisas no toca-toca que me causam arrepios. O mesmo acontece com quase tudo que não tenha a ver com trabalho. E, por aqui, não há trabalho :)
Mais Vozes
que o blogue não é a tua vida, nem a tua vida o blogue, percebe-se... mas afinal já pegaste fogo ao circo uma vez, sua incendiária?
fábula | | Email | Homepage | 04.07.08 - 9:21 pm | #
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Ui! Tantas vezes!
E, nem queiras saber, quando estive em Lisboa, tornei-me até assassina: consegui atropelar uma pomba!
(por falar nisso... acho que dava um rico post...)
Hipatia | | Email | Homepage | 04.07.08 - 9:40 pm | #
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