We are young, heartache to heartache we stand
No promises, no demands
Love Is A Battlefield
Pat Benetar – Love is a Battlefield
(escrito por Mike Chapman & Holly Knight em 1984, acho)
OK, OK... estou a ficar velha, só pode. Mas isto de ver DVD’s ao fim de semana paga-se caro. Quando estava na moda, não gostava. Nunca gostei do género. Mas hoje, o raio da musiqueta não me saiu da cabeça o dia inteiro. Deve ser mesmo da idade...
Pois levei para casa o 13 Going on 30 (Gary Winick, 2004), com a Jennifer Garner, da série Alias.
O filme em si é só mais uma comédia romântica sem conteúdo e várias estórias que ficam por explicar. Mas a banda sonora apoderou-se de mim. É toda ela muito "eighties" e a Pat Benetar tem direito a destaque. Pelo meio, aquelas roupas inconcebíveis que até tivemos coragem de usar: as saias de folhos com meias de licra sem pés e as sabrinas pavorosas; os penteados, com um totó do lado da cabeça ou no topo; as franjas; as maquilhagens exageradas; a bijuteria horripilante. Fui uma década pavorosa em termos de moda. Só olhando para trás é que vemos quanto...
E a música para consumo MTV, com os video-clips a serem gravados em Beta, para depois passarem repetidamente até à exaustão. E a coreografia do Thriller, do Michael Jackson, de que todos chegamos a saber um passo ou dois...
O filme levou-me numa viagem pela minha memória e foi estranho e ridículo e, ao mesmo tempo, muito saboroso. Como são as coisas que já estão esquecidas e que, num lapso, se fazem de novo presentes. É certo, é bom, quando as conseguimos recordar com um sorriso...
O amor continua a ser um campo de batalha. Cada vez mais. Há medida que os anos passam, ficamos cada vez com mais cicatrizes de amores falhados, outros nem sequer tentados. Até já não haver espaço nem para promessas, nem para exigências. Só espaço para egos magoados que se enfrentam ainda.
Há muitos anos atrás, quando a Pat Benetar cantava, eu nem sonhava ainda com o amor. Tentava tão só lidar com os complexos adolescentes que me desmotivavam, que me faziam sentir inferior, sempre feia, sempre gorda, sempre desajustada. Há muitos anos atrás, eu também esperava pelos 30 anos para que tudo fosse bom, fosse possível, fosse diferente. Agora olho com um sorriso envelhecido – o mesmo sorriso que me fez reconhecer nas miúdas de 13 anos do filme – e preparo-me para os próximos embates: já não tão jovem, com o coração (diversas) vezes partido, sei ainda que o amor é um campo de batalha. Mas hoje sei que não há melhor lugar para ir à luta, sem medos. O triste é já não termos aquela ingenuidade, aquela capacidade para o amor, que só os corações jovens parecem conservar.
Ainda estou pronta para muitas batalhas. Venham elas. E seja eu capaz de as reconhecer...
No promises, no demands
Love Is A Battlefield
Pat Benetar – Love is a Battlefield
(escrito por Mike Chapman & Holly Knight em 1984, acho)
OK, OK... estou a ficar velha, só pode. Mas isto de ver DVD’s ao fim de semana paga-se caro. Quando estava na moda, não gostava. Nunca gostei do género. Mas hoje, o raio da musiqueta não me saiu da cabeça o dia inteiro. Deve ser mesmo da idade...
Pois levei para casa o 13 Going on 30 (Gary Winick, 2004), com a Jennifer Garner, da série Alias.
O filme em si é só mais uma comédia romântica sem conteúdo e várias estórias que ficam por explicar. Mas a banda sonora apoderou-se de mim. É toda ela muito "eighties" e a Pat Benetar tem direito a destaque. Pelo meio, aquelas roupas inconcebíveis que até tivemos coragem de usar: as saias de folhos com meias de licra sem pés e as sabrinas pavorosas; os penteados, com um totó do lado da cabeça ou no topo; as franjas; as maquilhagens exageradas; a bijuteria horripilante. Fui uma década pavorosa em termos de moda. Só olhando para trás é que vemos quanto...
E a música para consumo MTV, com os video-clips a serem gravados em Beta, para depois passarem repetidamente até à exaustão. E a coreografia do Thriller, do Michael Jackson, de que todos chegamos a saber um passo ou dois...
O filme levou-me numa viagem pela minha memória e foi estranho e ridículo e, ao mesmo tempo, muito saboroso. Como são as coisas que já estão esquecidas e que, num lapso, se fazem de novo presentes. É certo, é bom, quando as conseguimos recordar com um sorriso...
O amor continua a ser um campo de batalha. Cada vez mais. Há medida que os anos passam, ficamos cada vez com mais cicatrizes de amores falhados, outros nem sequer tentados. Até já não haver espaço nem para promessas, nem para exigências. Só espaço para egos magoados que se enfrentam ainda.
Há muitos anos atrás, quando a Pat Benetar cantava, eu nem sonhava ainda com o amor. Tentava tão só lidar com os complexos adolescentes que me desmotivavam, que me faziam sentir inferior, sempre feia, sempre gorda, sempre desajustada. Há muitos anos atrás, eu também esperava pelos 30 anos para que tudo fosse bom, fosse possível, fosse diferente. Agora olho com um sorriso envelhecido – o mesmo sorriso que me fez reconhecer nas miúdas de 13 anos do filme – e preparo-me para os próximos embates: já não tão jovem, com o coração (diversas) vezes partido, sei ainda que o amor é um campo de batalha. Mas hoje sei que não há melhor lugar para ir à luta, sem medos. O triste é já não termos aquela ingenuidade, aquela capacidade para o amor, que só os corações jovens parecem conservar.
Ainda estou pronta para muitas batalhas. Venham elas. E seja eu capaz de as reconhecer...
1 comentário:
Mais Vozes
On : 1/10/2005 3:23:33 PM Maria Branco (www) said:
já não temos aquele olhar ingénuo, já não acreditamos tão facilmente, somos cautelosas, mas agora permitimo-nos a amar mais intensa e plenamente,, a maturidade experimenta um amor tão mais belo..
Venham as batalhas, sei pelo que te adivinho que tens em ti a capacidade para as reconhecer e a força para as vencer...
Um beijo grande!
On : 1/10/2005 3:46:57 PM Hipatia (www) said:
Lembras-te das roupas, Maria? Dos folhos, dos dourados, das permanentes? Eu olhava à volta e todas as mulheres me pareciam lindíssimas e nem sabia sequer olhar para mim, tinha um quase nojo, naquela maluqueira adolescente que nos faz sempre menosprezar quem somos, que nos faz achar que todos são melhores do que nós... E, sim, passou-me há muito essa doideira. Sinto-me hoje plena, como nunca antes fui capaz de me sentir. Estou de bem com o meu corpo, com os meus defeitos, mas também com as partes que me agradam e que hoje sei valorizar. Mas perdi a pureza, perdi a ingenuidade. Perdi inclusive aquela capacidade de sofrimento por antecipação de pequenas coisas, como um simples encontrar dos olhos de outro alguém. Isso a idade levou-me. Não lamento. Mas tenho saudades de mim e, como sempre quando olhamos para trás, tenho pena de não ter conseguido aproveitar melhor.
Por muitas batalhas que venham ainda, nenhuma será tão dolorosamente esperada e tão sofrida. Mesmo que hoje doa, de facto, muito mais. Porque hoje sabemos o que podemos perder. Antes só estávamos perdidas
Obrigada e beijo grande!
On : 1/11/2005 8:49:03 AM Diálogos Interativos (www) said:
O tempo redime , cria novos encantos, lava os desamores, e estamos sempre abertos a novas paixões, mas, temos medo de perder . Então às vezes penso que a melhor maneira é deixar as coisas correrem, sem expectativas, sem ansiedade, não podemos ficar privados da liberdade, da nossa identidade e, a partilha têm de ser rica e fértil, leve e branca em que a amizade é sempre o alicerce mais importante que se têm de construir em primeiro lugar numa relação. Mas isto é fácil de ser dito quando não se é atingido por uma das setas do cupido não é ?...aí é que as coisas se complicam ...
BJS
On : 1/11/2005 10:10:14 AM vanus de Blog (www) said:
Não temos? Fala por ti, estás velha concordo
O coração é sempre jovem perante o amor, ingénuo e crédulo, ou então minha querida, não se trata de amor, mas algo concebido pela mente, o que deixa naturalmente o coração de fora...e olha que quem se te dirige agora é a "vanus, sempre sábia" (eu li, eu li...)
beijos
On : 1/11/2005 12:32:18 PM Miguel (www) said:
pois...velha não......Camafeu!!!!!
....brrrr! ai k medo!
Beijo
P.S-» já tá fixolas, ou coméké?
On : 1/11/2005 3:12:20 PM draw (www) said:
Já se sabe como é e como vai ser? Já se adivinha? Já não há surpresa nem suspense? Cara Hipatia, é só uma questão de argumento, como nos filmes. É preciso escolher os melhores argumentos. Na vida, e nos filmes, os "plots" são a essência da coisa, ou como diria Bergson (que se revira na cova com tão liberal adaptação) é bom ter uma ideia do que vai acontecer e a agradável surpresa de que nos enganámos, aí reside o mistério que tempera a vida. O imprevisível contém toda a magia. Se pelo menos não tivéssemos a necessidade de controlar todos os aspectos da vida...
É a rotina! É a rotina que nos mata! :D
On : 1/12/2005 12:57:30 PM Hipatia (www) said:
Claro, Diálogos. Não dá para racionalizar demais. Mas às vezes parece que já não sabemos perder o controlo como antigamente. Porque as apostas já são demasiado altas? Talvez... Ainda assim, o que conta mesmo é não perder a capacidade para amar, ainda que já não se faça da mesma maneira.
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Não há comparação para os amores adolescentes. Vistos à distância, quase nos causa pudor ver como tinham sido sofridos sem nem sequer terem sido vividos plenamente. Eu, que estou velha e nunca fui sábia, não queria voltar a amar assim. A mente complica, faz muitos filmes, mas também nos permite perspectivar e apreciar como antes não era possível. Não quero um amor adolescente nunca mais. Só amores adultos onde ainda consiga fazer penetrar a disponibilidade e uma certa ingenuidade adolescente. O amor em si não será nunca diferente, vivido plenamente, de coração aberto, fazendo ouvidos moucos ao que a razão diz. Mas a forma como o apreciamos é, certamente, diferente.
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Quase fixolas, crominho. O último que apanhei era doido e não deu explicação nenhuma. Ainda à procura. Um dia destes viro mesmo camafeu
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Tenho a certeza que até o Bergson se apaixonou na adolescência, Draw
E claro que o argumento é - tem de ser - sempre surpreendente. Ou então não há vontade alguma de fazer um filme. Mas não acho que falte magia aos amores maduros. Só acho que têm uma magia diferente. E também menos ingenuidade, menos capacidade de sofrimento por antecipação. Mas tal não quer dizer que, quando o coração resolve assumir a liderança, não nos comportemos novamente como adolescentes. Só que, como diz tão bem o Alberoni, isso será sempre na fase inicial, na fase da paixão. Depois, é preciso pôr o amor nos trilhos - porque o amor só não enche barrigas - e fazê-lo perdurar para além dos tremores de terra iniciais. E quantos dos amores adolescentes que vivemos conseguiram esse milagre de virarem perenes, assolapadamente infantis, mas também racionalmente alimentados?
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