Let your heart be light
From now on,
our troubles will be out of sight
Have yourself a merry little Christmas,
Make the Yule-tide gay,
From now on,
our troubles will be miles away.
Hugh Martin e Ralph Blane - Have Yourself a Merry Little Christmas (da BSO do filme Meet Me In St. Louis)
É nesta altura do ano em que mais me apercebo de como tudo está demasiado caro, ou então sou mesmo eu que estou a ganhar muito mal. Os sinais prometidos da retoma económica continuam uma miragem que parece apenas perceptível para os senhores incluídos nas listagens dos 13 por dia das nomeações governamentais. O próprio "tio" Cavaco avisou-nos hoje que até 2006 só ficamos é mais pobres... E se a minha carteira serve de exemplo, por lá os euros esfumam-se dia a dia e só uma ida ao supermercado deixa miserável o orçamento do mês.
Ainda assim, já cá está o subsídio de Natal, pago junto com o ordenado, para que a retenção na fonte suba para níveis estratosféricos e um terço do rendimento fique logo ali coarctado. Mas a conta no banco fica, sem dúvida, mais compostinha, pelo menos durante uns dias.
No entretanto, já destinei uma parte do ordenado ao pagamento anual do seguro do bichinho que, por falar nisso, vai ficar um ano mais velhito e eu não vejo como o poderei alguma vez pôr na reforma e passar a andar por ai a passear o tão desejado A3.
Outra parte vai para umas mini-férias na Capital, que estou mesmo a precisar retemperar forças para um fim de ano que já se prefigura de loucos. E sem qualquer possibilidade de férias durante as festas, como já souberam avisar. A amiga do costume vai-me aturar as trenguices, as mazelas, os traumas e as queixas várias e fazer-me, como sempre, recentrar prioridades. Acho que nem ela sabe o bem que me faz...
Mais uma fatia ficou já adstrita a todos os jantares de trabalho que a quadra natalícia nos impõe, onde é suposto estarmos todos muito bem dispostos e satisfeitos, concordando com todas as mordomias das chefias que, entretanto, se fazem sempre de convidadas e nem se dignam a pagarem o próprio jantar. Ah! e que também não se esquecem de mencionar que vão passar o Fim do Ano aos Alpes Suiços, ou algo assim, porque, como é óbvio, as limitações laborais só se impõem ao mexilhão.
Mais uma parte – de ano para ano mais minguada – vai para as compras de Natal. Como é óbvio, já ando a dar em doida com a dimensão da lista, sem conseguir perceber se será melhor diminuir ao número dos listados ou atacar da salto a loja dos 300. Mesmo que nem sempre a lembrança seja de grande qualidade, não será sempre melhor do que o pretenso esquecimento?
Os cd’s que queria comprar vão continuar nas prateleiras da FNAC; os livros também. Ainda não é desta que lhes posso chegar. Talvez com o prémio anual e o prémio que me devem. Mas esses não chegam tão cedo, pela certa, porque primeiro é preciso pagar aos tais chefes que querem ir de férias na Passagem de Ano. E, quando chegarem, talvez só sirvam afinal para acabar de pagar o que devo da Quadra Natalícia e para – finalmente – comprar os sapatos novos do bichinho que, coitadinho, já quase anda em meias de tão carecas que estão a ficar os pneus.
No entretanto, lembrei-me que, durante muito tempo – o tempo em que os filhos dos amigos ainda acreditavam no Pai Natal – fui incumbida todos os anos de secretariar o old Saint Nicholas, sendo o meu e-mail o destino de todas as cartas. Nesse tempo não tinha blogue, mas a ideia é a mesma: sintam-se à vontade para deixarem aqui a listinha dos presentes que gostariam de receber. Já sabem, pelo que expus, que para o meu lado vai uma grande corrente de ar nos bolsos. Mas nada nos impede de sonhar um bocadinho com todas as coisas que era suposto podermos ter, nesta altura em que todos os filmes, todas as músicas, todos os enfeites pindéricos dos centros comerciais, nos prometem a felicidade eterna, embrulhada em papel colorido e de laçarote dourado a tiracolo.
Quanto a mim, vou de férias, antes de dar em maluca de vez...