I'm so bored with cowards
That say they want
Then they can't handle
Björk – 5 Years
Ando pela net há já provavelmente demasiado tempo, mesmo que o blogue só exista desde Agosto. Na verdade, resisti a criar um blogue, enfronhada na preconceito de que eram demasiado umbilicais e que "matavam" uma diálogo mais alargado em termos de temas e de ideias. Porque os blogues são sempre de alguém e acabam por ser ou transparecer apenas quem lá escreve. Nesse sentido, será sempre o nosso umbigo o tema em discussão. Será sempre uma perspectiva tolhida à nascença por uma opinião. Ou pela falta de tema que cada um de nós pode representar, já que nenhum é assim tão maravilhoso, especial e as vidas prosaicas perdem muitas vezes a inspiração.
No entanto, é precisamente aquilo que me afastava dos blogues o que mais gozo me tem proporcionado. E, sim, acaba por ser libertador poder mandar bitaites sobre tudo e sobre nada sem ter de fundamentar em não sei quantos autores tudo o que me apeteceu dizer. Esta liberdade de escrita ao sabor da pena (ou da tecla, no meu caso) acaba por ser profundamente gratificante, no sentido em que nos sentimos realmente livres para dizer o que nos apetece, para defender o que achamos correcto ou tão só, como é o meu caso, reconstruir o hábito há muito perdido de manter um diário.
Sinto que, muitas vezes, acabamos voyeurs da vida alheia, ao mesmo tempo que a nossa vida também é observada. Mas agora eu também deixo ver. Antes, limitava-me a andar por aí como calhava, a encontrar espaços onde depenicava pedaços de vida dos outros que, no dia seguinte, esquecia.
Já li muita coisa; já entrei em muitos blogues. Houve vários de que gostei e, no entanto, nem sei lá voltar. Esqueci o nome, esqueci o endereço, esqueci até a língua falada.
Entrei em vários blogues que não tinham sistema de comentários. Em muitos desses, era exactamente onde me apetecia comentar. Entrei em muitos outros com uma lista infindável de comentários diários, onde já nem me apetecia voltar. Há muitos ditos famosos que abomino. Há alguns quase anónimos que venero.
Mas existe uma coisa que me irrita solenemente, nos blogues como na vida: gente aparvalhada que não sabe dar a cara quando se vira para o insulto fácil. Gente covarde e pequenina, que só prova que é incapaz de elaborar quer um plano de ataque quer um plano de defesa. Porque quem quer ir à luta de cabeça erguida, tem de saber que quem vai à guerra dá e leva. Comentários anónimos amarelinhos é que não!
E, não, não me aconteceu a mim. Parece que ainda não fui descoberta – felizmente – por todos quantos de alguma forma me guardam rancor. Mas vejo muita coisa por aqui, por esta net onde há os cães da história, mas também onde há lobos e gatinhos. E onde há ovelhas negras e anjos de todas as cores. E onde, infelizmente, também se encontram os reles bichos rastejantes de todas as espécies. O sintomático é serem esses bichos covardes sempre anónimos...
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