2005-02-14

O meu rol (ou o post em construção perpétua)

Take your accusation, your recriminations
and toss them into the ocean blue
Leave your regrets and impossible longings
and scatter them across the sky behind you
And come into my sleep
Come into my sleep
For my soul to comfort and keep
Come into my sleep

For my soul to comfort and keep - my sleep

Nick Cave - Come Into My Sleep



O amor é:

- Paciência, entrega, vontade, construção;

- É dar e receber;

- É não ser ausente;

- É conviver a dois;

- É dialogar;

- É ter um segredo de humor e empatia;

- É não invocar a sensibilidade só porque se descartou a sensibilidade dos outros;

- É não ofender com referências a histórias antigas e é não inventar ofensas onde não existem;

- É saber encaixar as críticas construtivas e não encará-las como ataques malévolos;

- É gostar das diferenças;

- É não fazer o outro sentir-se como estando no sopé de todas as hierarquias e todas as prioridades;

- É nunca fazer o outro sentir-se culpado pelas nossas culpas;

- É não pôr nos ombros do outro o trabalho que não tivemos tempo de fazer;

- É dar apoio em vez de deitar abaixo;

- É saber que fazer-se presente e possessividade não são a mesma coisa;

- É não amuar de forma infantil;

- É saber que ofensa gera ofensa;

- É saber que franqueza e a atitudes adolescentes não são a mesma coisa;

- É saber que numa relação o egoísmo tem que ficar de fora;

- É não exigir que o outro mude se não se pretende mudar também;

- É não esperar que seja sempre o outro a ceder;

- É entregar-se e aceitar a entrega do outro;

- É partilhar;


- É acarinhar a alma do outro e não só o corpo;


- É ouvir as queixas sem as entender como ataques;

- É amar cada pormenor, cada ruga, cada sinal do corpo do outro, fazendo-os seus;

- É saber que há dias em que as coisas vão mesmo correr mal e, ainda assim, encontrar forças para dar um beijo no dia seguinte;

- É conseguir aceitar a sogra, a tia, o gato e o cão e esperar o mesmo em troca;

- É estar com o outro e não contra o outro;

- ...



E é saber que o Dia de S. Valentim é uma treta estereotipada e que o amor não pode ter nem hora, nem dia, nem data mercantilisticamente fomentada para ser celebrado, vivido, praticado.

E que o amor existe realmente quando deixamos de apenas invocar O Amor... *

_______
*nota: eu já tinha dito que não gosto de abstracções, certo?

5 comentários:

Filipa Paramés disse...

Já numa música Sting diz tão bem:

"If you love somebody, set them free"

:)

beijinhos e boa semana

Nelson Reprezas disse...

Eu concordo com o post todo... todinho. Todavia, ocorre-me que tudo hoje é ou está mercantilizado, para usar a sua terminologia. São sinais de um mundo a que já não conseguimos fugir e de que muito dificilmente nos abstraimos. É assim com o Natal, com o dia da Mãe, do Pai, da Árvore e, até, do dia da "disfunção sexual europeu" que, ironicamente, coincide com o dia dos namorados. Para além da nuance do "europeu". Se eu tiver disfunção sexual e for asiático... azar. Não poderei comemorar o dia :) Neste contexto, não é por oferecermos uma caixa de bonboms à namorada no dia 14 que a substãncia do amor ( e como ela está bem descrita no seu post...) se altera.
Obrigado pelo comentário no meu blogue e o bicho está enterrado mesmo :)

Hipatia disse...

Sabes, ali uns posts abaixo, a Vanus foi buscar a extrofe do Certainty of Chance:

"You must go and I must set you free
'Cause only that will bring you back to me"

Não pode mesmo haver grilhetas, ainda que, desde o início, tenham tentado escravizar o amor a elas. Por contrato, com testemunhas, impondo o anel antigo da subjugação, qual marca de dono à guisa do anel da escravatura.

Beijinhos

Hipatia disse...

Saber que o “dia dos namorados” coincidia com o “dia europeu da disfunção sexual” foi uma das gargalhas do meu dia, Espumante. Comecei a imaginar as lojas todas povoadas de “mail organ enlargers”, dildos, caixas de viagra e afins cobertos de ursinhos de peluche com corações na barriga e “I luv u” bordados a ponto cruz : ))))))))

(acho que ainda estou a rir, afinal, eheheheh... esta minha imaginação às vezes precisa de freios.)

Ainda bem que já está bom :)

Anónimo disse...

Mais Vozes

On : 2/14/2005 2:33:07 PM corpo visível (www) said:

O amor é... um gajo estranho.
(João Peste)


On : 2/14/2005 3:12:04 PM Hipatia (www) said:

Sabes que me tinha lembrado exactamente do mesmo? Só que não acho que seja "gajo"


On : 2/14/2005 6:57:37 PM vanus de Blog (www) said:

Fizeste-me lembrar aquelas cartõeszinhos do "amor é"

Eu não sei o que é o amor


On : 2/14/2005 8:41:07 PM frogas (www) said:

Bem! Se é isso tudo ,prefiro batatas
Será que não li ,ou terás omitido voluntariamente aquela velha história de que o amor se reforça após uma bela cessão de muro e pontapé com muitas ofensas à mistura e em que a coisa acaba com os dois a gritar( e tua mãe também)
Pois é! Só agora compreendi, tu falavas de amor e não do reforço do amor
Desculpa
Dentadinhas enresinadas


On : 2/15/2005 7:19:45 AM Hipatia (www) said:

Era um exercício comigo mesma, miga Cada tópico, as reticências do fim, os ursinhos do dia de S. Valentim, mais não representavam para mim, enquanto escrevia, a ideia que quis fazer prevalecer no último parágrafo.

Beijinhos


On : 2/15/2005 7:22:30 AM Hipatia (www) said:

Os tópicos estão em aberto por qualquer motivo, não é Frogas? Mas será mesmo necessário insultar as sogras naqueles dias em que lhes ensinamos o caminho do sofá? Há tão bons insultos sem referências à família...


On : 2/17/2005 11:49:50 AM corpo visível (www) said:

Ou... Love is a Dog from Hell.
(Charles Bukowski


On : 2/17/2005 12:26:47 PM Hipatia (www) said:

eheheheh, Corpo Visível.

Claro

(mas às vezes é um cão a que vale a pena fazer meiguices )