aqui (vale a pena ver toda a colecção na página de Richard Cooper)
Eu sou do Porto das neblinas. E essas são as cores do Porto que mais amo.
Escrever é, no fundo, lutar contra as minhas neblinas, exorcizá-las, tentar encontrar um rumo para a voz. É também um compromisso: o que sei, o que consigo.
Pesa-me quando me obrigam a ficar calada, presa numa nuvem de silêncio que não escolhi. Todo o dia fica nublado. E quero apenas o raio de sol que vence as nuvens; ou um relâmpago vigoroso e irado. Ou o grito que me apetecia hoje, ao ver esta máquina infernal a condenar-me aos silêncios.
Pintem-me os dias de nuvens baixas, ou de nuvens altas, ou de breves fogachos de vapor que o aquecer do dia manda embora. Mas não me pintem os dias dos silêncios sem palavras, nuvens tormentosas que não fazem parte do meu cenário encantado.
1 comentário:
On : 1/27/2006 4:59:31 PM deep (www) said:
Já "bisbilhotei" a galeria de fotos do autor. Até roubei uma para colocar no meu blog.
Gostei muito do teu texto. Esteticamente, gosto, por vezes de dias nublados, mas, por norma, prefiro o sol...
On : 1/27/2006 5:15:28 PM Hipatia (www) said:
Já lá fui ver, Deep
(se valer de alguma coisa, hoje no Porto fez um lindo dia de sol, apesar de muito frio, ou mesmo por causa do muito frio)
On : 1/27/2006 7:36:49 PM Palavras em Linha (www) said:
Linda, já deixei o teu texto lá. Obrigada pela colaboração. Está curtinho mas muito bonito.
Não tenho vindo por aqui, mas depois explico-te a razão da falta de tempo. E deixo-te um beijo.
On : 1/28/2006 9:28:55 AM j.p. (www) said:
calar é morrer, não é Hirpatia?
Descansa, que há-des morrer bem velhinha
On : 1/28/2006 12:29:31 PM Hipatia (www) said:
Ando sem tempo e por isso o texto é pequenino. Mas não podia deixar de responder ao teu desafio Depois também o trago para a Voz
On : 1/28/2006 12:30:14 PM Hipatia (www) said:
Espero morrer enquanto ainda tiver Voz, JP
On : 1/28/2006 5:43:20 PM Gaivina (www) said:
Gosto sempre da maneira como falas lá do fundo....
Deixem-me contar uma experiencia minha, homem do mar:
Quando estamos à pesca com mar sereno, logo pelo romper da manhã no alto mar, e a nebelina nos cerca roubando ou perturbando a visão, aí surge o mistério das vozes...
Imaginem um mar calmo, espelho, onde não conseguimos ver nada em volta. Só uma coisa rompe o silêncio denso da nebelina, as vozes dos pescadores mum barco próximo. Vêm embrulhadas as palavras num veludo claro, dando-nos a falsa ideia de uma proximidade que não existe. Se a nebelina ou nevoeiro não estivessem lá, confirmariamos que o outro barco, afinal, estava mesmo bem longe...
Consegui passar a sensação?
On : 1/28/2006 6:39:43 PM Hipatia (www) said:
Conseguiste E escreveste um lindo texto para a contar, ainda para mais
Mais Vozes
Também concordo: escrever é de alguma forma colorir o nosso (pequeno) mundo e exorcizar os cinzentos dos nossos dias...
Wakewinha | Homepage | 01.29.06 - 12:59 pm | #
Sem dúvida, Wakewinha
Hipatia | 01.29.06 - 2:05 pm | #
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