2008-02-29

Das ausências

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.


Carlos Drummond de Andrade


(A ver se este fim-de-semana dá para pôr em dia as minhas ausências...)

2008-02-28

2008-02-27

Calotes Políticos


aqui


«Agora, o doutor Paulo Portas tem calotes políticos, que são dívidas de explicações que ele não dá aos portugueses», destacou Jaime Silva, numa alusão aos casos Portucale, venda do Casino de Lisboa e documentos que copiou ao deixar o Governo.

«Houve dois ministros do CDS, do Governo anterior, que assinaram despachos depois de perderem eleições e publicaram-nos com efeitos retroactivos. Refiro-me ao caso Portucale. É bom que o doutor Paulo Portas explique aos portugueses que avaliação política faz deste comportamento», refere.

«É bom que explique bem aos portugueses a responsabilidade do Governo a que pertencia relativamente ao Casino de Lisboa», disse também Jaime Silva, acrescentando: «Foi o ministro que mais fotocópias fez antes de sair do Governo. Devia explicar se dizem respeito a assuntos privados ou do Ministério» da Defesa.

«São explicações devidas. São calotes políticos e esses são os mais importantes em democracia. Um político que pretende ter sentido de Estado ou que pelo menos andou a vender essa imagem como o doutor Paulo Portas tem explicações que ainda não deu e tem que dar», concluiu.


Diário Digital / Lusa


Muito gostava de saber onde está a mentira e o insulto em tudo o que o Ministro da Agricultura disse em resposta a mais uma ataque de caspa de Paulo Portas. Será que afinal não branqueou os dentes e isso tem de ser provado em Tribunal? É que, quanto ao resto, não vejo caso por onde pegar. Aliás, o que só lamento é ainda nenhum Tribunal ter pegado nos casos.

2008-02-25

Merdicacas

e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmos só amor só solidão desfeita


Mário Cesariny – You Are Welcome to Elsinore


Podia pegar neste poema do Cesariny e escolher todas as palavras. Acho que não há uma única que desgoste. Mas escolhi estes quatro versos e, neles, as doze palavras que quero assinalar:
  • Braços: pelo amplexo, pelo plural
  • Amantes: outra vez o plural, ou onde por fim acaba o meu um e começa o dois de que tanto gostas
  • Escrevem: como fazer um post sobre palavras sem uma qualquer declinação daquilo que por aqui fazemos?
  • Muito: porque não gosto de nada pela rama, porque sou de exageros e de hipérboles
  • Além: pela teimosia de ainda olhar o futuro, ou o longe, ou o por trás das barreiras
  • Azul: a cor que me recuso a usar mas sem a qual não saberia viver; pela alegria de dia claro e mar apaziguado, mas também pelos “blues” e outras nostalgias
  • Palavras: sem elas, secaria; sem elas não entendo o Mundo e muito menos a mim mesma
  • Sombra: porque nem tudo é feito de luz e eu não saberia apreciar a claridade se o escuro não estivesse lá em contraponto
  • Soluço: quando finalmente se liberta da garganta aliviada
  • Espasmos: poderia dizer que é à conta de finalmente terem provado a existência do Ponto G, mas é mais do que isso; é a consciência do músculo, dos tendões, do corpo completo
  • Amor: de qualquer forma, em qualquer momento, pleno e livre, transformado em absoluto
  • Solidão: pela tristeza com que me pinta e a tomada de consciência imediata de que não a vivo

(Aceito inscrições de doze visitantes para levarem esta corrente)
_____


Adenda:

hmmm...


aqui

Pois eu cá acho que foi muito bem entregue :)

2008-02-24

Quelle sarabande!



Zig et zig et zag, la mort en cadence
Frappant une tombe avec son talon,
La mort à minuit joue un air de danse,
Zig et zig et zag, sur son violon.

Le vent d'hiver souffle, et la nuit est sombre,
Des gémissements sortent des tilleuls;
Les squelettes blancs vont à travers l'ombre
Courant et sautant sous leurs grands linceuls,

Zig et zig et zag, chacun se trémousse,
On entend claquer les os des danseurs,
Un couple lascif s'asseoit sur la mousse
Comme pour goûter d'anciennes douceurs.

Zig et zig et zag, la mort continue
De racler sans fin son aigre instrument.
Un voile est tombé! La danseuse est nue!
Son danseur la serre amoureusement.

La dame est, dit-on, marquise ou baronne.
Et le vert galant un pauvre charron -Horreur!
Et voilà qu'elle s'abandonne
Comme si le rustre était un baron!

Zig et zig et zig, quelle sarabande!
Quels cercles de morts se donnant la main!
Zig et zig et zag, on voit dans la bande
Le roi gambader auprès du vilain!

Mais psit! tout à coup on quitte la ronde,
On se pousse, on fuit, le coq a chanté
Oh! La belle nuit pour le pauvre monde!
Et vive la mort et l'égalité!

Henri Cazalis - Danse Macabre



Se nos querem deixar ainda mais deprimidos, ao menos podiam dar-nos música, não?

2008-02-23

Mais um ano


aqui




Enquanto estiver por aqui, no dia 23 de Fevereiro há Zeca Afonso a tocar no blogue. Por ele, por nós e pelo meu avô Afonso.

2008-02-22

A sereia pescada



Deixo o meu companheiro de blogue contar-vos uma história e desejo bom fim-de-semana!

2008-02-21

Paz




Começou por ser um símbolo a pedir o desarmamento nuclear. A sua força estendeu-se rapidamente para outras áreas. Hoje, o símbolo que Gerald Holtom criou em 1958 é um dos mais reconhecíveis de toda a iconografia inconformista de quem apenas quer um Mundo melhor. Tem meio século e é uma criança ainda. É nosso para levar em direcção ao futuro.

Paz!

Parabéns, Jaquelina Pandemónio!



Céus sempre azuis, luz, de bem com a natureza, já dançando a vida... e com uns pontapés nos moscardos, quando assim tem de ser.


(Achei que este "dueto" te ia bem)

2008-02-20

Tempestade


aqui


O som semelhante a uma raiva contida e disfarçada na tua voz escorre por mim inteira e deixa-me enfiada no meu silêncio. A posse irrita-me. A falta de espaço é claustrofóbica. A tua voz a escorrer dentro de mim liberta um mar que não conheço, irado, tormentoso, cinzento e tempestivo. Depois, arrulha com os temas da Primavera, acalma-se, escorre. Desato os sons presos na garganta e rio. Não de ti. Rio de mim e deste rio tormentoso pronto a estourar contra a tua voz ciumenta, como onda nas praias de Inverno. E rio. Tanto e tanto que te levo comigo. E é então quando a tua gargalhada cresce no meu ouvido que te quero. E depois é a minha voz que se solta cava, raivosa de que rias noutros ouvidos. E tenho de esperar que um teu sorriso cochichado leve e lave o ridículo das minhas (in)certezas.

2008-02-19

Sombra


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Às vezes é ao recordamos como tentamos dizer certas coisas com o nosso ar mais cool que tomamos consciência como devemos parecer danificadas. Porra!

2008-02-18

Se as Palavras...

Se a escrita puder abrir horizontes nas pálpebras cansadas, talvez as vozes da Alma falem mais vasto.
Se um parágrafo feito despertador, acordar o texto que nos falta, então vale a pena escrever!
Se alguém falar com palavras precisas a um interlocutor espantado, estará a fazer crescer um leitor descuidado. Pois que o Mundo não só se lê por aquilo que está gravado, mas mais se entende pelo que nos é comunicado.
Papel, digital, audível ou transcendental, tenho neste Amor sempre a forma de um livro. Contentor primevo das minhas palavras que bravas se abrem entendendo o Mundo.

Dos silêncios ficará sempre um registo surdo gravado no leito continuo da poesia.

Miguel Horta

Azar


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Desde o início do ano – e note-se que Fevereiro ainda só vai a meio – já consegui fazer um princípio de pneumonia, ter o carro assaltado, a banheira entupida e o frigorífico pifado, um golpe a precisar de pontos no polegar da mão direita e o dedo mindinho do pé esquerdo partido. Isto para não falar em não sei quantas unhas partidas, trabalho em excesso e dinheiro a menos. Nem quero pensar no que irá acontecer nos restantes 10 meses e meio que ainda faltam para acabar o ano bissexto. Fada-se! (em vez de foda-se para não tentar mais a sorte)

2008-02-17

Há mais!



podem ver os contributos musicais da MaryTree e da Claire.

Eu deixo-vos de brinde (e obrigada) o maior amante de todos os tempos, claro :))

2008-02-15

Gramática Portuguesa


aqui

Redacção feita por uma aluna de Letras, que obteve a vitória num concurso interno promovido pelo professor da cadeira de Gramática Portuguesa

"Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com aspecto plural e alguns anos bem vividos pelas preposições da vida.
O artigo, era bem definido, feminino, singular. Era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.
Era ingénua, ilábica, um pouco átona, um pouco ao contrário dele, que era um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo até gostou daquela situação; os dois, sozinhos, naquele lugar sem ninguém a ver nem ouvir. E sem perder a oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, a conversar.
O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu-lhe esse pequeno índice.
De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro.
Óptimo, pensou o substantivo; mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos.
Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que em vez de descer, sobe e pára exactamente no andar do substantivo.
Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela no seu aposento.
Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, suave e relaxante. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele recomeçou a insinuar-se.
Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo.
Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo directo.
Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo o seu ditongo crescente. Abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples, passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula.
Ele não perdeu o ritmo e sugeriu-lhe que ela lhe soletrasse no seu apóstrofo.
É claro que ela se deixou levar por essas palavras, pois estava totalmente oxítona às vontades dele e foram para o comum de dois géneros.
Ela, totalmente voz passiva. Ele, completamente voz activa.
Entre beijos, carícias, parónimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais.
Ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objecto, tomava a iniciativa.
Estavam assim, na posição de primeira e segunda pessoas do singular. Ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisto a porta abriu-se repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício.
Ele tinha percebido tudo e entrou logo a dar conjunções e adjectivos aos dois, os quais se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas, ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tónica, ou melhor, subtónica, o verbo auxiliar logo diminuiu os seus advérbios e declarou a sua vontade de se tornar particípio na história.
Os dois olharam-se e viram que isso era preferível, a uma metáfora por todo o edifício.
Que loucura, meu Deus. Aquilo não era nem comparativo. Era um superlativo absoluto.
Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado aos seus objectos.
Foi-se chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo e propondo claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que, as condições eram estas. Enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa situação e pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história.
Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, atirou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.”

2008-02-14

Distopia

aqui

E o desafiómetro é escreverem a vossa perspectiva do futuro, seja claro ou escuro como um garoto pedido ao balcão ou uma paleta de cinzentos como os dias que correm



Ora cá vamos nós! O que espero do futuro? Quase nada. Acho que o futuro terá um tom tipo "Stange Days", que até se passava na viragem do século passado para este (de que já se esgotou quase uma década) e, como se provou, não foi data que fizesse acabar o Mundo, nem os vírus informáticos fizeram parar a bolsa, nem os elevadores ou os nossos computadores pessoais, nem caíram aviões, nem nada de extraordinário aconteceu. Bateu a meia-noite e foram para casa. Bem, quase que foram para casa, que ainda tiveram tempo para o beijinho, remendar os arranhões e prestar declarações à polícia.

Suponho que espero um pouco mais do mesmo, num século que me parece ter nascido cansado dos exageros do século XX e em tom estafado tentará seguir em frente. Para já, prevejo que seja um século chato, em tom de retrocesso. Desde que Nietzche decretou que Deus estava morto, mais nenhuma verdade insofismável fez sentido. E agora todas as outras verdades tornam-se também questionáveis, desde as doutrinas políticas e económicas moribundas ou já enterradas, passando pelos grandes paradigmas que agora se questionam também, com a própria lógica da evolução darwiniana e as suas subdoutrinas em confronto com retrocessos medrosos em relação a releituras de uma suposta palavra divina que afinal também já não existe, ou não faz sentido que exista, tirando para quem quer continuar a controlar o mundo, controlando as pessoas e os seus valores. E a esperança vai-se com o dízimo para o pastor e prega-se o sermão como se se vendessem livros porta a porta.

Depois também não espero milagres contra os grandes males. Já não. O tempo em que tinha um cartaz pendurado na parede do quarto adolescente com a imagem do cogumelo atómico e a frase "will they ever learn?" ou o tempo em que achava que a Humanidade era capaz de deixar de se auto-destruir, passou com as probabilidades cada vez mais óbvias de um dia destes ter o mar debaixo da janela e só porque estou no 7º andar. Ou o tempo em que até acreditava que, se todos quiséssemos, se todos fizéssemos um esforço, então na Europa deixaria de se destruir comida e em África mais ninguém passaria forme. Ou que as focas bebés deixariam de ser mortas à paulada. Ou que as baleias iam ser salvas.

Não, o meu futuro está tingido de sem-esperança, tirando aquela mais evidente que me lembra diariamente que o Homem se habitua a tudo; ou que até o retrocesso para padrões que seriam bastardos de qualquer resquício de civilidade nem é sequer questionável, está já ai e, pior, já nos estamos a habituar a ele.

No séc. XXI – ou pelo menos nas décadas deste século em que terei possibilidades de viver - o Futuro já não será algo de excitante e o Progresso já não estará garantido. Já ninguém tentará correr rapidamente em direcção ao Mundo de Amanhã, porque o dia seguinte, se não for apenas mais do mesmo, estará antes vestido de medo e de frustração. E as guerras aparentemente enormes do passado serão travestidas cada vez mais de guerrilhas indistintas, criminosas e sujas, como se o cogumelo atómico só tivesse dado lugar às bombas sujas fabricadas com o refugo do século que acabou. E um dia destes, quando já estivermos todos bem enfiados na web, sempre em rede e cada vez mais sozinhos, talvez já seja obrigatório ter implantado o chip que permita a um qualquer Grande Ditador que prometeu a Salvação Eterna controlar as mentes e as vontades.

E ainda poderão vir as neurociências decretar o fim da fé do Homem, roubando-o por fim da alma ao substitui-la por uma qualquer versão de computador com pouco espaço disponível no disco e os programas desactualizados. Bless the mink for they will inherit the world passará a ser chavão. E suponho que em inglês, para que os "mink" sejam também "lazy" e, além do mais, possam acreditar que não têm culpa nenhuma. Não seremos mais como uma folha em branco à nascença. Nada disso! Dentro de nós tudo será mensurável por quem nos escarafuncha a mente e esmiúça os genes. E se está nos genes não temos culpa. E se não tivermos culpa, também não teremos a responsabilidade de fazer diferente. E ficaremos quietinhos, rebanhos a pastar atrás de um qualquer ecrã, com um chip bem implantado por baixo do couro cabeludo, à espera que alguém nos diga o que fazer e não fazer, o que é proibido ou permitido, o que é aceitável e o que não é, o que comer e onde comer, onde e quando foder, desde que um foder asséptico e que não seja subversivo, nem dê demasiado prazer, nem permita que as DST transtornem o orçamento dos serviços nacionais de saúde, se ainda continuar a haver disso.

Tom Wolfe disse um dia que este seria um Século Sonolento de ressaca do século XX. Lamento não concordar. Este parece prometer ser um século caótico, de medos e de retrocessos. E as pessoas não andarão sonolentas; andarão apenas comatosas. Só que até os rebanhos um dia se assustam e desatam a correr todos na mesma direcção alucinada. E, no rescaldo da passagem, não sobra normalmente mais do que destruição e pó revolvido.

E o meu futuro será também um pouco disso tudo, tirando que sou bem capaz de acabar viciada em "trips" de filmes feitos com a vida dos outros e enfiadas por uma qualquer engenhoca electrónica directamente no meu córtex cerebral. E talvez vire cada novo ano desse futuro a dar um beijinho, remendar as feridas e a prestar declarações à ASAE. Habituada ao dia à dia, sem esperança para além do minuto seguinte, sonhando ainda com os tempos que já passaram há muito em que acreditava que a minha geração ia mudar o Mundo e seria capaz da prometaica empresa de o fazer melhor. E o dia seguirá, mesmo que o mar me venha lamber a janela. E talvez compre um barquinho e vá passear para longe, se ainda houver um pôr-do-sol decente do outro lado de uma gigantesca nuvem de poluição ou se o buraco do ozono não nos tiver já roubado até esse pequeno prazer. E o rebanho irá comigo, ou eu com ele. Ou então apenas veremos todos essas cenas idílicas on-line ou mesmo "uploadadas" para dentro da nossa cabeça.

Para as meninas



Estou tão farta de ver a bimba loira por tudo quanto é lado à conta de um cdzito em que diz que canta, que às tantas vou reanimar a joshmania... Para já fica um aperitivo à conta do dia.

2008-02-12

Estava a pensar abrir as votações...




Há mais dois links no desafio que, como de costume, passou a ter ligação directa na lateral. E ainda estou à espara de mais participações. Vocês não?

PS - Obrigadinha!



Eu, que nunca ganho nada, acabei de ganhar dois bilhetes para a antestreia do filme aqui acima. Como é um filme de "gajas", vou levar a minha mãe :)

Vai ser um festim para os nossos olhos cansados! (melhor também levar uns lencinhos de papel...)

2008-02-11

SIM porque sim!


aqui

É melhor acender uma vela do que maldizer a escuridão.
Provérbio


Porque há alturas em que ninguém pode perder a voz; porque prefiro o movimento à estagnação; porque só um caminho me parece realmente potenciador da mudança que ninguém ousa questionar como necessária; porque as palavras é o vento que as leva e de boas intenções sempre esteve o Inferno cheio,

Há um ano, sem qualquer dúvida ou remorso, fui:

VOTAR SIM!



E não estou arrependida, especialmente quando vejo que as previsões mais catastróficas não passaram disso mesmo: previsões. E ainda por cima erradas e falhadas. Deve ser difícil engolir este sinal de maioridade política e cívica.

Neocons

Oito anos depois de Clinton, os neoconservadores que apoiaram George W. Bush estão confrontados com a sua herança: um país à beira da recessão, perdendo peso no contexto internacional para as novas potências emergentes, com um aumento substancial do fosso entre a minoria dos mais ricos e todos os outros, com uma enorme crise no sistema financeiro, como resultado do processo de desregulamentação que defenderam, com grandes bancos americanos a ter de aceitar a humilhante entrada de fundos soberanos de países asiáticos no seu capital para evitar a falência e com o dólar a perder posição, enquanto moeda da pagamento internacional, para o euro. Deve ser difícil fazer pior.

Nicolau Santos, in Expresso

Será que os portugueses deviam explicar aos americanos o que quer dizer ser "conas", "coninhas" e afins? hmm...

69 anos?


aqui

Viram-na nos Grammies? Viram? Viram?

Eu quero chegar assim aos 69 anos!

Ai Timor!...


aqui

Segundo a RTP, o Prémio Nobel da Paz [Ramos Horta] foi atingido do raspão no estômago, ferido sem gravidade, e terá sido evacuado para a Austrália por razões de segurança.

Xanana Gusmão, o actual primeiro-ministro de Timor Leste, também foi alvo de um ataque posterior, mas não foi ferido, segundo adianta a RTP.

O ataque terá sido desencadeado por Alfredo Reinado, oficial rebelde envolvido na vaga de violência que assolou o território em 2006.

Segundo a Associated Press, que cita fonte militar, Reinado foi morto pela segurança de Ramos-Horta.
in Sol




Tom Waits - Soldier's Things

A tinker, a tailor
A soldier's things
His rifle, his boots full of rocks


Ainda?

2008-02-09

E...



Há sempre uma cena que posso dedicar (à conta do Pittinho) às meninas Maria Árvore e Fábula, com a Angelina de brinde para o Paulo Vinhal e para o Bagaço Amarelo, para agradecer as cenas que me deixaram.

E mais um agradecimento para a F Word (ainda estou à espera de ter mais a quem agradecer, como é óbvio).


Depois lembrei-me que também há esta... E como gosto dela, lol!


2008-02-08

The Best Sex Scene Ever Made



Como já disse, ando sem tempo. E talvez acabe por ser pelo melhor, já que esta falta de tempo me fez recordar que, volta e meia, aqui pela Voz, se lançavam desafios aos passantes.

Note-se, no entanto, que este não é um desafio original e sim fruto de um encontro imediato com o vídeo acima do youtube.

A melhor cena de sexo alguma vez feita? Bem, isso depende do gosto, não é? E, mesmo achando que a dita cena deva estar mesmo entre as melhores, suponho que outros tenham outras favoritas.

E, por isso mesmo, desafio-vos a dizerem-me qual é a vossa.

(Convenhamos que é bem melhor transformar-vos numa espécie de colaboradores avençados da Voz em Fuga, em lugar de a ver quase sem pio.)

Quem dá uma ajudinha?

2008-02-07

2008-02-06

Caso ainda não tenham notado...


aqui

... estou com uma absurda falta de tempo.


(e tanto que havia para dizer e comentar!)

Cabrõezinhos minguados e incompetentes!


Francisco van Zeller, presidente da CIP


As confederações patronais da indústria e do comércio querem que as empresas passem a poder despedir trabalhadores quando pretendam renovar os seus quadros de pessoal.
(in Público, 5/2/08)


E que tal se tentassem aprender alguma coisa com um bom exemplo de como empregar e fazer produzir com elevados padrões de produtividade, em lugar de continuarem a chular sistematicamente (e sem vergonha) quem não teve cunha para ser gestor?

Vejam lá como estes se arranjam (parece que não param de crescer já há uns anitos).

2008-02-05

Andamos mesmo malucos com o riso!


aqui

Deparo-me com um programa em horário nobre da SIC de nome “Mini Malucos do Riso”:
Nem quero acreditar naquilo a que assisto!
Crianças vestindo de adultas, colarinhos engomados, gravatas e outros Carnavais, reproduzindo falas que não são suas e padrões de comportamento que ainda não enraizaram.
A essa hora, crianças e pais estão acordados bebendo as imagens impostas pelo quadradinho mágico da televisão.
Não é verdade que os mais pequenos tendem a copiar os padrões dos adultos de referência? As crianças que já queriam ser “Floribelas” ou estrelas precoces num qualquer apogeu de glória vêem agora que podem ser como os adultos e fazer rir, rir… mas rir de quê?
Não bastam já as gracinhas mal ensinadas por pais perdidos de si próprios e outros tantos familiares ideologicamente irresponsáveis, agora vemos legitimada a pobreza do nosso espírito colectivo:
-Neste programa, rimo-nos da nossa infância Portuguesa travestida de adulto distorcido e fora de um tempo real. Que relação estranha têm os cidadãos deste país com a sua meninice, quando a única distracção é rirem-se dos mais baixinhos… Um país que se ri da sua infância, é um país doente!
E que dizer destas crianças actores (não tão diferentes dos meninos soldados) que são lançadas na guerra do mercado da comunicação e publicidade? Por acaso não se tratará de trabalho infantil?
É evidente o perpetuar da ideologia machista neste programa onde se tenta o riso sobre as minorias, a deficiência e a velhice. E as mulheres, essas são sempre loiras e estúpidas na voz destas crianças manipuladas pelo programa. Ainda estou à espera da cena em que duas menininhas vestidas de lingerie, quais lolitas, retocam o baton em frente a um espelho tecendo comentários sobre homens. Porque eu já vi a criança de camisa de noite com o seu marido imberbe de bigode postiço numa conversa vazia de tudo quanto é importante para crescer.
E que dizer da segurança infantil se até as crianças conduzem nesse programa e são multadas por GNRzinhos?
Pergunto aos autores e produtores do programa se têm filhos e se os deixam assistir à série. Que jovens querem para o futuro?
Talvez o mercado e o salário justifiquem serem mercenários de mentes infantis?
É fundamental respeitar o universo da infância e o sereno crescimento a que têm direito.
Destrói este programa todo o trabalho no terreno de Educadores, Professores, Pais, Mediadores culturais e tantas outras formiguinhas que lutam pela ecologia da alma da infância.
O meu Pai tinha um termo para classificar estes programas: Gebos!
Eu acrescento: Perigosos.


Miguel Horta

2008-02-01

Não há nada mais sexy...

... do que um belíssimo sentido de humor.




Claro que depois "a embalagem" ajuda. E de que maneira!



(raios para o Pai Natal que se voltou a esquecer de mim!)

Sucubus


aqui


Teria sido mais fácil se tivessem imaginado o demo como mulher. Talvez à conta das artimanhas. Ou apenas porque, a haver um mundo balançado entre opostos, um ditador de leis chato, sentado em cima de uma nuvem plácida num sítio mais chato ainda, teria sempre o seu contraponto num ser desbragado e insubmisso que soubesse cantar a canção da sedução. Mas a balança ficou torcida e misógina, sobrando de um dos lados apenas demónios e bruxas. E vai dai, por conta do equilíbrio, reza-se mais uma Ave-maria, enquanto se encomenda a alma ao Pai-nosso.