2008-02-20

Tempestade


aqui


O som semelhante a uma raiva contida e disfarçada na tua voz escorre por mim inteira e deixa-me enfiada no meu silêncio. A posse irrita-me. A falta de espaço é claustrofóbica. A tua voz a escorrer dentro de mim liberta um mar que não conheço, irado, tormentoso, cinzento e tempestivo. Depois, arrulha com os temas da Primavera, acalma-se, escorre. Desato os sons presos na garganta e rio. Não de ti. Rio de mim e deste rio tormentoso pronto a estourar contra a tua voz ciumenta, como onda nas praias de Inverno. E rio. Tanto e tanto que te levo comigo. E é então quando a tua gargalhada cresce no meu ouvido que te quero. E depois é a minha voz que se solta cava, raivosa de que rias noutros ouvidos. E tenho de esperar que um teu sorriso cochichado leve e lave o ridículo das minhas (in)certezas.

6 comentários:

Gaivina disse...

O ciúme é um gás verdadeiramente tóxico!
Belo textinho... :)

Paulo Vinhal disse...

Hipatia
Posso participar com mais um vídeo no teu desafio "Best SSEM"?

http://www.youtube.com/watch?v=mWrW1fPhSEU

Bjs

Maria Arvore disse...

Que texto bem construído à base de água. :)

Os ciúmes do outro são como um abalo da crosta terrestre que nos provoca a erupção. ;)

Hipatia disse...

Pois é :)

Hipatia disse...

Os desafios da Voz estão sempre em aberto à espera de novas participações. Já te juntei ali em baixo.

E, por falar em desafios, não te convenço a participar num dos outros? Os links estão ali ao lado ;-)

Hipatia disse...

Por estranho que pareça, penso sempre o ciúme como algo deslizante, escorregadio. E por vezes, tal como a rebentação das vagas num tempestade, perigoso.