Todos nascemos loucos. Alguns de nós continuam a sê-lo.
Samuel Beckett – À Espera de Godot
Todos os dias espero que a inspiração não me falte, regresse de mansinho para me ajudar. Nestes dias em que o absurdo se instala, corrosivo, e não sei como escapar-lhe.
Todos os dias! Talvez falando de tudo e de nada, esperando. Esperando que as palavras se alinhem, ao final do dia. Esperando que a loucura se esconda, vagueie para longe. Esperando, esperando, esperando...
Todos os dias espero a inspiração que me permita baixar ao ninho, baixar à minha condição, escorraçar o patético e o desesperado, vagabunda de mim.
Todos os dias espero a espera, vagando no tudo, vagando no nada, procurando um caminho nas existências banais, sem sentido, quando a voz me foge ainda mais um dia.
Todos os dias espero o meu Godot, um vazio que não chega se o amordaço em mil palavras, esconjuro em coisa nenhuma. Uma qualquer banalidade que se faz esperança, quando ainda há mais um dia em que a espera é a rota possível para longe do nada, para perto da inspiração, para mais perto ainda de um renascimento possível.
Na invenção das palavras, construo a espera. E fico esperando, esperando, esperando. Meu Godot, minha inspiração, meu caminho.
Samuel Beckett – À Espera de Godot
Todos os dias espero que a inspiração não me falte, regresse de mansinho para me ajudar. Nestes dias em que o absurdo se instala, corrosivo, e não sei como escapar-lhe.
Todos os dias! Talvez falando de tudo e de nada, esperando. Esperando que as palavras se alinhem, ao final do dia. Esperando que a loucura se esconda, vagueie para longe. Esperando, esperando, esperando...
Todos os dias espero a inspiração que me permita baixar ao ninho, baixar à minha condição, escorraçar o patético e o desesperado, vagabunda de mim.
Todos os dias espero a espera, vagando no tudo, vagando no nada, procurando um caminho nas existências banais, sem sentido, quando a voz me foge ainda mais um dia.
Todos os dias espero o meu Godot, um vazio que não chega se o amordaço em mil palavras, esconjuro em coisa nenhuma. Uma qualquer banalidade que se faz esperança, quando ainda há mais um dia em que a espera é a rota possível para longe do nada, para perto da inspiração, para mais perto ainda de um renascimento possível.
Na invenção das palavras, construo a espera. E fico esperando, esperando, esperando. Meu Godot, minha inspiração, meu caminho.
1 comentário:
Mais Vozes
On : 1/9/2005 7:51:40 PM Maria Branco (www) said:
Um abraço de infinita ternura..
Muitos beijos
On : 1/10/2005 12:10:41 PM Hipatia (www) said:
Acho que, como eu, também procuras muita vez um caminho nas palavras...
Abraço, Maria
On : 1/13/2005 6:18:04 AM Maria Branco (www) said:
Procuro sempre...
Um caminho nas palavras...
O meu caminho, tarefa dificil, esta...
Um beijo grande!
On : 1/13/2005 12:30:56 PM Hipatia (www) said:
É sempre difícil encontrar o (nosso) caminho. Já dizia o José Régio, "não sei por onde vou / não sei para onde vou / - sei que não vou por aí"
Mas quando se põem as palavras lado a lado e se ilumina assim a rota possível, então parece sempre mais fácil.
Beijo enorme
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