2005-03-14

Recorrência

Podem me prender
Podem me bater
Podem, até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião
Daqui do morro
Eu não saio, não

Se não tem água
Eu furo um poço
Se não tem carne
Eu compro um osso
E ponho na sopa
E deixa andar
Fale de mim quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã, seu doutor
Estou pertinho do céu

Zé Keti e Nara Leão - Opinião

Porque será que, tantas vezes, sair do "morro" é bem mais complicado do que apenas mudar de endereço?

1 comentário:

Anónimo disse...

Mais Vozes

On : 3/15/2005 3:38:35 AM duende (www) said:

'You can take the boy out of the Bronx but you can't take the Bronx out of the boy.'

Esta expressão americana que é realmente um tanto racista e pessimista, não deixa, contudo, de conter um grande fundo de verdade. Infelizmente.


On : 3/15/2005 4:14:14 AM Luis_Duverge (www) said:

O mundo caminha naturalmente para a desordem (entropia). Temos de ser nós a por um pouco de "ordem" na vida.
Não sei porquê mas fizeste-me pensar sobre o que a revista Forbes publicou acerca do ranking dos mais ricos do mundo, o ano passado os mais ricos tiveram um ano Excelente ficaram ainda mais ricos. Para onde caminhamos ...e depois dizem que de tempos a tempos, o povo revolta-se. Lembras-te da canção do Zeca, "Eles comem tudo ...e náo deixam nada". Já se fala no IVA a 21%
O Belmiro tb lá está, mas ainda não apanhou o Bill Gates.
Ás vezes dá-me vontade de rir sózinho quando vejo aqueles azeiteiros com uns grandes carrões senhores do mundo na sua mente, ridículos na sua insignificância.
Bem hoje alonguei-me ...desculpa.
Um beijo.


On : 3/15/2005 5:24:53 AM corpo visível (www) said:

Talvez porque não seja nada fácil alterar uma identidade bio-psico-social.


On : 3/15/2005 7:47:56 AM Diálogos Interativos (www) said:

No morro pode faltar o dinheiro
Pode faltar o conforto
Pode até faltar o pão
Mas há solidão ??..

Acho que são os laços que se criam, com o espaço físico, com os hábitos e com as pessoas que comungam dos mesmos ideais, que impede que as pessoas deixem para trás aquilo que a nós nos parece miséria, mas para quem ali nasceu, cresceu e viveu tantas emoções descontroladas e partilhadas, é o lar. Sair é como deixar a família e partir rumo a um território que à partida lhes é desconhecido e hostil.
Beijinho


On : 3/15/2005 10:03:26 AM Ricardo Garcia (www) said:

Referes-te ao edil da capital?


On : 3/15/2005 1:19:02 PM Hipatia (www) said:

Era mesmo nisso que estava a pensar, Du. Por mais pessimista e - tanta vez - racista que seja o tom com que nos referimos a estas situações, a verdade é que são demasiado reais para as podermos escamotear.


On : 3/15/2005 1:22:47 PM Hipatia (www) said:

Mas sabes, Luís, nem era bem nos "vampiros" que estava a pensar. Estava a pensar, por exemplo, em tantos que recusam um emprego por medo de perderem o rendimento mínimo garantido; ou nos que nunca estão satisfeitos com a habitação social que lhes destinaram; ou em tantas mulheres com bebés ao colo que vemos em quase todos os semáforos; ou na forma como a mentalidade pode mostrar-se bem mais difícil de alterar do que as aparências. Sei lá! Era um post muito negro, acho...

Nunca te alongas o suficiente

Beijo


On : 3/15/2005 1:23:57 PM Hipatia (www) said:

Sem dúvida, Corpo Visível. Há coisas que estão demasiado entranhadas e, assim, resistem a qualquer ideia de mudança. Já se instalaram no "eu".



On : 3/15/2005 1:29:06 PM Hipatia (www) said:

Também podes ter muita razão, Diálogos. Haverá, por certo, muito de hábito, de territorial. Mas, perante a hipótese de um mundo melhor, que faz tantos temerem a mudança? Porque não buscar um outro lar?

E os sem abrigo que resistem a toda e qualquer ajuda? Não viverão na maior das solidões? Vi outro dia uma reportagem sobre os sem abrigo de Lisboa a propósito da vaga de frio. Fiquei chocada com a percentagem (acho que era à volta de 30%) dos que recusavam qualquer tipo de amparo.

Na verdade, eu não tenho qualquer resposta para a pergunta que transformei em post...


On : 3/15/2005 1:30:05 PM Hipatia (www) said:

Por acaso não tinha pensado nele, Ricardo Mas olha que tinha sido muito bem apanhada, essa