2006-04-17

Fio de prumo


aqui

Matei a lua e o luar difuso.
Quero os versos de ferro e de cimento.
E em vez de rimas, uso
As consonâncias que há no sofrimento.

Universal e aberto, o meu instinto acode
A todo o coração que se debate aflito.
E luta como sabe e como pode:
Dá beleza e sentido a cada grito.

Mas como as inscrições nas penedias
Tem maior duração,
Gasto as horas e os dias
A endurecer a forma da emoção.

Miguel Torga – Identidade


Deixo as mãos estendidas à espera de dar. Para que não se toldem as emoções, nem endureça o sentimento.

E é tão só a minha forma suprema de egoísmo.

Mas um dia… um dia aceitarei receber. Para que os astros se equilibrem e eu encontre, finalmente, o meu prumo.

6 comentários:

sofia. disse...

E que assim seja :)
beijinho

Anónimo disse...

E o Maria Lisboa?

Hipatia disse...

:) Beijinho, Sofia

Hipatia disse...

«É varina, usa chinela,
tem movimentos de gata;
na canastra, a caravela,
no coração, a fragata.

Em vez de corvos no chaile,
gaivotas vêm pousar.
Quando o vento a leva ao baile,
baila no baile com o mar.

É de conchas o vestido,
tem algas na cabeleira,
e nas velas o latido
do motor duma traineira.

Vende sonho e maresia,
tempestades apregoa.
Seu nome próprio: Maria;
seu apelido: Lisboa.»

David Mourão-Ferreira

Pronto, Bífido. Já cá está. Mas não é a mesma coisa :)

Bem-vindo à Voz.

Maria Arvore disse...

Recebe... :)basta um fio de vontade!

Hipatia disse...

É um exercício de paciência que ando a tentar cultivar ;-)