2006-04-23

Olho gordo


aqui


Aqui está uma coisa que, em temos racionais, não entendo. Também é verdade que nunca me dei ao trabalho de investigar. É assim uma espécie de mito urbano – e eu acho piada aos mitos urbanos –, indo buscar as suas raízes à ruralidade. Talvez porque a ruralidade conseguiu preservar e diluir mais facilmente a herança pagã que todos carregamos.

Mas há, de facto, em quase todos nós esta apetência para acreditar na sorte, ou na falta dela, bem como no favorecimento que os deuses nos podiam atribuir ou retirar em cada momento. E, claro, na forma como a inveja alheia incide sobre nós e nos pode fazer dano.

Quando comprei o meu carro, por insistência da minha mãe, foi colocado na mala um alho com dois alfinetes espetados em forma de cruz. Ainda lá deve andar… Sei que está lá. Ou esteve. Para me proteger da má sorte, do mau-olhado, do olho gordo da inveja. Se resulta? Não sei.

Talvez resulte. Talvez não passem de acasos. Mas a primeira vez que bati de carro – e nem foi grande o acidente – foi por me ter desviado de uma criança de cerca de três anos que me apareceu a correr, vinda não sei de onde, dentro de um parque de estacionamento. Até hoje não faço ideia como vi a criança a tempo, porque estava a olhar para o lado esquerdo, numa curva, quando a criança me apareceu do lado direito, mesmo na direcção da roda do carro. Demasiado pequena para ser bem visível, demasiado ingénua para entender o que é um carro em movimento. Talvez tenha sido sorte. Talvez só uma boa visão periférica. Não sei como vi a criança. Sei que a vi… e tive sorte.

É que ele há coisa que, por incrível que pareça, devem ser mesmo uma questão de sorte. Ou fado. Ou acasos incrivelmente bem alinhados.


(por via das dúvidas, vou deixar na Voz um amuleto… que las hay, las hay!)

8 comentários:

Luis Duverge disse...

Se por um lado temos sorte por outro há factos estranhos que por vezes se encontram e sucedem, para veres no Insólito.
Boa sorte e Viva a Liberdade e nada melhor do que veres o Insólito tem uma cena stilfree que nem te passa pela cabeça, mas tinha de comemorar o dia da Liberdade contrastando contra aqueles que mais atentam contra ela.

PreDatado disse...

Perguntar não ofende:

Quem tem Olho Gordo usa colírio diet?

Maria Arvore disse...

Ainda bem que já nos queimam por usar ferraduras de cavalo e trevos de 4 folhas. :)

deep disse...

Procuro, sempre que acontece algo que me parece estranho, dar uma explicação racional, sobretudo para o que é mau. Já para as coincidências boas, quero insistentemente acreditar em "sinais", que interpreto, como é óbvio, quase sempre, à posteriori... Tendenciosa, não?
Bjs

Hipatia disse...

Este ano, Luís, resolvi fazer da minha comemoração algo intimista. É que todo o significado que encontro nos valores que Abril tentou (e, em muitos casos, não conseguiu) implementar, fundem-se necessariamente com a história da minha família, dos seus valores e princípios, até o seu quadrante político. Se lembrar a data por a associar a pessoas preciosas, então nunca, mas mesmo nunca, poderei esquecer o seu significado.

Hipatia disse...

Ou arranja um personal trainer, PréDatado :)))

Hipatia disse...

Mais vale não abusarmos, ainda assim, Maria Árvore. Às vezes, temo que todas nós, num piscar de olhos, possamos voltar a ser perseguidas, quais Hester Prynne ou Titubas. Basta apenas que o medo desperte o fanático que mora dentro de todos os homens.

Hipatia disse...

LOL

E não somos todos tendenciosos?

Beijo