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E, sim, tens razão: falo de intimidade. Ou talvez seja que, mais tarde ou mais cedo, tudo o que me dá tesão acabe transformado em palavras. Depois há o blogue onde é tão fácil colocá-las, nesta ilusão de que ninguém vê, ou que ninguém percebe. E as palavras vão dizendo o que sinto e o que quero, ou tão só o que gostaria. Acabo a misturar desejo com desejos, vontade com vontades, sonho e realidade. Acabo fragmentada pela excitação encerrada na palavra e quase fica tudo dito, não fizesse a realidade também parte da equação. E, aí, vão-me faltando as palavras, como se olhos nos olhos não tivessem nem arrumo, nem valor. E digo-as aqui, talvez porque saiba que não vens ler, que só cá chegas quando te enganas no caminho. Mas é libertador saber-te, saborear-te, longe das palavras que invento. Afinal, a voz continua a fugir-me. Largo-a para longe, lanço-a ao espaço. Olhos nos olhos, espero antes que me leias, enquanto permaneço muda. Ou falo demais, para nada dizer. Mas é que, contigo ao leme, limito-me a pedir bis. Várias vezes. Depois… bem, depois logo se vê para onde me fogem as palavras.
6 comentários:
As tuas palavras só podem fugir para os seus ouvidos... sussurradas.
Isso das palavras fugirem é tramado. Por vezes enrolam-se com discursos na rua e depois regressam a casa prenhas de ideias. Mas também deixá-las trancadas na marquise do pensamento parece demasiado cruel.
Que fujam para onde quiserem
E que sejam ouvidas :)
Beijoca
Eu tento que fujam, Maria Árvore. Mas também gosto de ser lida, sem palavras algumas, como só nos lê quem nos conhece bem.
E as tuas palavras? Fogem para onde agora? E onde as vou ler?
'Tou triste!
:((
Palavras prenhas? Enroladas com os discursos? Antes assim do que fechadas em qualquer marquise, PN. Mas desde que sejam só as palavras ;)
As palavras costumam fugir-me sempre para onde querem, Sofia. Preciso delas fujonas para que as ideias se arrumem. Umas vezes, podem ser apenas lidas; outras apenas ouvidas; outras vezes, apenas existem à espera de quem as saiba adivinhar :))
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