2006-01-13

Ausências


It's nice to come home
For a weekend
The children have grown
How I've missed them


Josh Rouse - Women and Men



Custa-me pensar que muitos homens ficam. Que ficam pelos motivos errados, mas que são, às tantas, também os mais certos. Como questionar as ausências doloridas? Como questionar a saudade? Como questionar o amor?

E, por uma data deles que faz tudo errado, há muitos mais que o fazem pelos motivos certos.

Portadora de uma visão enviesada, nunca me lembro de pensar no que sentirá um homem por não ver os filhos crescerem no dia a dia. Nunca me lembro de questionar o porquê dos filhos ficarem sempre com a mãe. Nunca os vejo como perdedores das relações defuntas...

E esqueço-me demasiadas vezes como pode ser dolorosa a solidão. Que amizade e companhia também podem ser sustento. Que hábito também dá paz. Que a rotina também pode ter o seu mérito.

Tenho tanto medo ver gente a acabar a pedir pouco à vida! Mas, como me disse o Frogas um dia, "ser velho ou velha numa cama vazia deve de ser xxxxxx"...




1 comentário:

Anónimo disse...

Mais Vozes

On : 1/13/2006 5:30:29 AM Bastet (www) said:

Os méritos da rotina... também eu um dia hei-de aprender a ser assim. Só espero que não seja o medo da solidão a ensinar-me.


On : 1/13/2006 10:31:44 AM j.p. (www) said:

Um dia destes lembra-me de te contar a minha história acerca de filhos que crescem sem o pai. e a versão não contada do porque de alguns pais não ficarem tutores dos filhos...


On : 1/13/2006 10:47:26 AM Folha de Chá (www) said:

Assisto a essa solidão, porque tenho pais divorciados, qe nã voltaram a casar.


On : 1/13/2006 11:35:15 AM Zu (www) said:

Eu, pelo contrário, sempre me assumi como defensora dos direitos dos pais. E percebo que numa balança possa pesar muito mais a vida ao lado de um filho (indiscutível e certo) do que o amor por uma outra mulher (sempre com um futuro interrogado, sempre com um "será que vai dar certo desta vez se da outra vez não deu?"). Também sei que o peso de um passado comum pode ser muito forte, e enorme o receio do salto para o desconhecido - e os homens são mais acomodados do que as mulheres. Ia dizer mais cobardes, mas a palavra é muito dura, se bem que justa em muitos casos.
Encontro encantos nas boas rotinas, naquelas que dão cor à vida do dia-a-dia e que, partilhadas, são tão saborosas...


On : 1/13/2006 12:22:52 PM Gaivina (www) said:

Só vos digo que é muito duro viver longe dos filhos, não os ver crescer...
Agora, o texto da Hip, poderia ser posto no masculino.... as mulheres que partem, por vários motivos....
(a conversa hoje está densa....)


On : 1/13/2006 1:37:23 PM vague (www) said:

Quer dizer! Agora que eu vinha saber dos registos eróticos (ai, Aristides de Sousa Mendes, como andas longe ), eis que ela fala das virtudes da rotina e afins. Olha que há um poema q diz assim, a minha memória é de elefante, pois,

"sometimes i've wanted to throw you off like an old coat
but now that you're gone
I remember how warm the old coat used to be"


não sei quem escreveu, mas tenho lá em casa o livro e coloco no blog o poema certinho, o autor.

Diz-se q a vida não é complicada, q são as pessoas q conplicam. Será? Mas as exigências q temos dentro de nós, de paz e de paixão, de conforto e de desafio, de presença e de desapego, serão contraditórias mesmo?

Não é um desafio nem sei a resposta. Se calhar não se pode ter tudo ao mesmo tpo, se calhar há pessoas q preferem não ter nada, se calhar, se calhar ...se Deus quiser e o diabo não se importar ...


On : 1/13/2006 1:44:19 PM vague (www) said:

Li as duas linhas da Bastet e digo.te, filha ,

q a rotina, alguma rotina pode fazer tão bem; qdo tu sabes q estás no lugar certo no momento certo a fazer uma coisa banal como ver tv, lado a lado, sem q seja a solidão mas o desejo a guiar-te.

acho q é fácil dizermos mal da rotina qdo pensamos q o oposto é subir os Himalaias. Agora eu acho q o grande desafio da vida em comum é tornar essa vida numa caminhada do clube de montanhismo. Sempre a subir! E a descer devagarinho e com jeitinho para não haver trambolhão...


On : 1/13/2006 2:25:26 PM PN (www) said:

hipatia, só se pede pouco à vida quando ela nos dá dor em demasia.

zu, acho que pela primeira vez vou ter de argumentar contigo. Pode até ser que muitos homens sejam cobardes no que diz respeito a relações, mas a minha experiência pessoal diz-me que as mulheres se regem pela mesma bitola.
Raras foram as situações em que vi uma mulher insatisfeita com uma relação por termo à mesma sem que tivesse arranjado um substituto condigno. Condigno até ao próximo, isto é.
(um dia a casa tinha de vir abaixo)


On : 1/13/2006 5:55:08 PM cruzeiro do tejo (www) said:

O comodismo, o egoismo, por vezes falam mais alto, há relações que se mantêm apenas por isso, e nem todas as rotinas são saudáveis...
Eu sei o que é ver um filho crescer sem pai, e ao contrário do que acontece na maioria dos casos, em que utilizam os filhos como arma em guerra própria, aqui não é o caso, sou da opinião que tantos direitos tem uma mãe como um pai...ele não está mais com a filha porque não quer...mas as vida tem destas coisas...e os homens são sem dúvida mais cobardes que as mulheres para tomarem atitudes que lhes mude a rotina e que os obrigue a começar de novo...


On : 1/13/2006 6:22:05 PM Hipatia (www) said:

Bastet, é exactamente isso


On : 1/13/2006 6:23:46 PM Hipatia (www) said:

Há histórias demasiado escabrosas, J.P. Sei disso. Conheço algumas até. Mas também há todas as outras, aquelas assim-assim, ou nim, sem vencedores nem vencidos, ou sequer culpados


On : 1/13/2006 6:24:34 PM Hipatia (www) said:

Folha de Chá


On : 1/13/2006 6:35:22 PM Hipatia (www) said:

Zu e PN (vão assim juntinhos e pronto! ), concordo com os dois, por estranho que pareça. É que há as duas coisas. Porque há histórias diferentes, pais diferentes, mães diferentes. Conheço casos de pais que ficaram com a guarda de filhos, poucos, é verdade, mas vai havendo alguns; conheço sobretudo casos de mulheres responsáveis por serem pai e mãe. Mas também conheço quem, após o divórcio, tenha conseguido estabelecer uma relação de convivência - a bem dos filhos - bem melhor do que era durante o casamento, partilhando tudo, incluindo as idas ao médico, as explicações "difíceis", as perguntas complicadas. No meio disto tudo, há mães e pais cobardes, como os há corajosos. Há mães mais ausentes do que antes, pais que desapareceram. Mas há também mães que carregam fardos muito pesados e pais magoados, doentes pelas poucas horas semanais que podem partilhar com os filhos...

O post está com um grande espaço no fim. Não é à toa. É o tanto que não soube dizer, os vários casos em que estava a pensar, o caos que não soube ordenar em palavras. Talvez seja demasiado fácil para mim "botar faladura". Não tenho filhos! E não sei o que faria por eles, caso os tivesse. Talvez fosse mesmo capaz de aguentar também um casamento feito de amizade, cumplicidade e responsabilidades partilhadas. E talvez chegue o dia em que isso me baste. Espero é não optar por esse cenário por medo de escolher a alternativa; ou medo de acabar velha e sozinha numa cama vazia


On : 1/13/2006 6:36:39 PM Hipatia (www) said:

Também podia ser posto no masculino, sim, Gaivina. Mas se já me é difícil colocar no lugar da mãe, imagina só no lugar de pai...


On : 1/13/2006 6:42:02 PM Hipatia (www) said:

Não há respostas únicas, não é Vague? São tantos os "se calhar"... E tem dias em que penso que a rotina possa ser uma benção, que o acomodado pode ser o registo certo para ter tempo de criar um filho, que o depois - quando o depois já é demasiado tarde - ainda assim é um "depois" rico pela história longa partilhada, que tenho a certeza que enriquecerá qualquer um, por mais cobardias e sonhos substituídos por realidades à espera de resposta que tenham ficado no passado.

E, sabes, agora deixaste-me preocupada, porra! Só vens aqui procurar actualizações dos registos eróticos, é? Faz mas é lá os teus, ora!


On : 1/13/2006 6:49:32 PM Hipatia (www) said:

Não sei se concordo, Cruzeiro. Depende das rotinas, daquilo a que cada um de nós se acomoda. Eu sei que estou acomodada a este não comodismo que tenho a mania que é meu. Sei o difícil que é para mim partilhar, por exemplo, a minha casa, por mais do que alguns dias. Sei a confusão que me mete ter a ordem dos CD's alterada, os livros de pernas para o ar, até as canecas do armário fora da ordem habitual. Também é egoísmo e também é, sem dúvida, comodismo. Um dia, como diz a Bastet ali em cima, talvez ainda seja capaz de aprender os méritos de outras rotinas. Mas, quanto mais o tempo passa, mais difícil se torna.

Quanto aos homens acomodados... bem, penso que, muitos deles, acham apenas que é assim que deve ser, que já com os pais foi a mesma coisa, com os amigos igualzinho. E, muitas vezes, nem sequer percebem que as mulheres já acham a situação insustentável. Talvez por isso tantos se surpreendam quando se vêem sozinhos, quando elas batem com a porta, levando o trem de cozinha, os pratos, os lençóis, o gato, o cão, o periquito... e, muito especialmente, os filhos.


On : 1/13/2006 8:35:59 PM Gaivina (www) said:

Isto é o que se chama UMA BELA CAIXA DE COMENTÁRIOS!


On : 1/14/2006 12:17:38 PM Hipatia (www) said:




On : 1/14/2006 12:44:16 PM cruzeiro do tejo (www) said:

Por depender das rotinas é que eu disse que há rotinas que não são saudaveis...há rotinas e rotinas...
Eu estou como tu Hipatia, sozinha, embora tenha a minha filha, e acho que quanto mais tempo estou sozinha menos me apetece partilhar o meu espaço com alguém...e muito menos ter alguém a dar ordens á minha filha...não sei se me iria habituar a isso!


On : 1/14/2006 12:59:24 PM Hipatia (www) said:

Mas não concordas que essa também possa ser uma rotina pouco saudável? Eu às vezes acho que é


On : 1/16/2006 6:30:37 AM Cruzeiro do tejo (www) said:

É um facto...tem alturas que não é nada saudavel mesmo, mas enfim...


On : 1/16/2006 7:56:48 AM Hipatia (www) said:

Vamos levando...