2009-05-18

A verdade da mentira

O título é um lugar comum, um cliché, bem o sei. Porém, melhor título não haverá para estas linhas.

A verdade é uma coisa engraçada. Por mais que se diga que só há uma, porque a realidade é ela também uma só, parecem haver verdades coexistentes, ambivalentes, e até contraditórias. Não que eu acredite nisso, claro. Verdade e realidade são apenas uma manifestação unívoca. Não há lugar para equívocos. Nem para jogos. A vida não é um jogo de póquer, como alguns podem pensar.

A verdade de mim é que os anos todos que carrego no corpo e na alma não têm sido suficientes para me apagar a ingenuidade do ser. Fui ingénua porque durante muito tempo não vi aquilo que tinha diante dos olhos. Interpretei determinados acontecimentos como equívocos, quando a verdade estava ali mesmo à minha frente - ou ao meu lado, neste caso.

Aprendi que a verdade pode tardar mas um dia aparece-nos diante dos olhos. E a verdade é que, por vezes, temos de nos proteger da mentira como se fechássemos a nossa caixa à chave. E é isso que faço agora, todos os dias.
A ingenuidade está-se a acabar. E a paciência também. Fora isso...
'tá-se bem!

5 comentários:

Bartolomeu disse...

Hmmm... hmmm...
Pessoa = substantivo femenino, vem do latim, significa criatura humana, personagem.
Personagem = substantivo femenino, vem do grego (perssona), significa máscara.
Então, não seremos mais que criaturas humanas com uma máscara colocada, representando um papel. O papel que cabe a cada um e de que ninguem suspeita o nome do guionísta. Uns afirmam que é escrito por um terceiro personagem que classificam de omnipresente, omnisciente e omnipotente, outros, que esse terceiro personagem se chama destino, outros ainda que se chama acaso, outros que não senhor, que se chama homem.
Se o papel de cada um é realmente escrito pelo homem, então compreende-se a mentira que toda a verdade encerra.

Maria Arvore disse...

Porque me fica a ideia de que estás a falar de ambientes de trabalho?... ;) Mas sempre digo que aí não há pessoas de verdade porque só há icons para programas definidos. ;)

Fabulosa disse...

Bartolo meu, essa questão da máscara é importante. e acredita que todos nós, no dia-a-dia, lidamos com mascarados. uns mascaram-se mais e outros menos. os que o fazem menos são mais ingénuos e até melhores pessoas. os que o fazem mais não são de fiar, mas por vezes é difícil identificá-los/as. por tudo isto, muitas vezes neste "teatrinho" que é a vida, é difícil identificar o papel de cada um. e mais misterioso ainda saber quem escreve, embora ocasionalmente alguns iluminados surjam e vejam além das máscaras. =)

Marie, porque te fica a sensação...? porque sim. mas estas linhas são uma pílulazinha que dá para tudo. tentei ser existencialista e generalista o suficiente para abarcar todas as situações vivenciais. ;)

Bartolomeu disse...

"Illuminati" !???
;)))))
Deixa-me recontar a afamada história da «sandalinha» (qué uma sandália canininha) de Apeles, aquele Grego que era pintor, filósofo, artrónomo, matemático e mais um porradão de cenas que só os gregos antigos conseguiam ser (naquele tempo quem possuísse uma calculadora que funcionásse por células fotovoltaicas devia ser o dono do mundo) adiante...
Apeles tinha o habito de expor as telas que pintava, na praça pública e escondi-se por trás, tapado por um pano, ficando a ouvir o comentário de quem, en passant, tecia comentários acerca da pintura. Numa dessas "vernissages" heheheh!!! (tenho de deixar de fumar akelas merdas)ah um karamelo que tece defeitos acerca de uma chinela que figurava no quadro. O messiú Apeles salta lá de trás e pergunta ao indígena qual´era o defeito que ele notava, o outro explica e exibe pergaminhos... é sapateiro. Apeles considera a opinião do "profissional" do sapatâme e no dia seguinte volta a exibir a tela já com a sandalucha alterada de acordo com a opinion of the professional.
Mas... eis que o abelhudo, ou seria o sapateiro (!?) volta a aparecer e desta vez, embalado pelo sucesso alcançado no dia anterior, opta por criticar outro aspecto do quadro.
Aí,o Apeles, cheio de vontadinha de lhe ir aos fagotes, salta lá de trás e profere a frase que ficou gravada nos anais da história, para a eternidade: "Não vás sapateiro, além da tua sandália", frase esta que os Algarvios, sapientemente adoptaram e imortalizaram na letra de um corridinho algravio: Na vás ó mar Toino... etc e tal.
Bom, por hoje, penso que já debitei suficiente parvoíce.
Au revoir!!!
;)))

Fabulosa disse...

Bartolo meu, nem sempre temos de nos esconder atrás de uma tela para saber o que os outros pensam, às vezes, às vezes, basta falar com eles! ;)