Descending then ascending, the fall then the call
Climb ever upward to join the world once more
See the serpents rising, angels on a chain
Come to meet together, come to make their claim
Black Easter
Hear the chants of old powers, the weak fall on their swords
Nature is above all morals, destiny a shameless whore
Fallen angels, like black flowers, bloom and are ripe
Gather round the lords and princes, bringer of a promised light
Black Easter...
Sol Invictus – Black Easter
Tanta gente já me desejou boa Páscoa e já desejei boa Páscoa a tanta gente que até de mim mesma omito o sem significado que encontro na expressão. Talvez por não ser Católica, por não ter interiorizado nada do catecismo.
Antes de continuar, talvez seja melhor explicar que sou agnóstica. E nem o sou apenas por escolha livre, pensada, interiorizada. Sou uma agnóstica plena, sem direito ao quinhão de Paraíso prometido, já que os meus pais não me baptizaram. Decidiram – e estou-lhes agradecida por isso – que seria uma decisão minha, quando tivesse entendimento suficiente para fazer a minha escolha.
Num País que não questiona o baptismo na infância, imposição paternal e social, isso fez, muitas vezes, toda a diferença para mim. Mas, admito, outros tantos poderão ter uma formação católica e crenças católicas enraizadas e, a esses, desaconselho a continuação da leitura deste post. É que, mesmo não sendo um post anti-crença, é, sem dúvida, um post anti-crença empacotada. Mas esta é, tão só, a minha opinião.
Admito que "catecismo" é uma das palavras onde encontro um tom mais pejorativo. Sinto-lhe sempre os contornos de uma qualquer cartilha formatadora de pensamentos, como se Torquemada nunca tivesse morrido, como se Florença nunca tivesse ardido face à inclemência obtusa que lançou as vaidades para a fogueira.
Confunde-me até hoje esta necessidade da Igreja reservar para si o património absoluto das verdades, como se Deus não passasse de um mero pretexto nos jogos de poder bem terrenos.
A minha ideia do Divino é tão pouco regulamentadora, emboca de uma forma tão entranhada em noções de liberdade que, de forma alguma, se poderia traduzir em meia dúzia de patacoadas ensinadas de forma igual, compulsiva, sistematizada, a fedelhos que preferiam (sempre achei que preferiam) estar em casa a ver os Desenhos Animados.
Não questiono a Fé. Isso nunca! Todos têm direito a acreditar no que querem, como querem. Mas questiono as religiões. Ou, às tantas, nem sequer são as religiões, que me agrada até a velhinha ideia de "re-ligar" onde a palavra religião se consubstancia. Talvez questione apenas esta necessidade tão pragmática e tão pouco espiritual de transformar a Fé dos Homens em espectáculo mediático, cheio de tectos com anjinhos com pilinhas minúsculas, ou com tribunais persecutórios, ou com a sede de poder e a necessária prostituição a que isso obriga com os interesses materializados até hoje no Estado mais rico do Mundo e as suas políticas terrenas, ou ainda a congeminações degradantes, como o horrível "A Paixão de Cristo".
E nem é só a Igreja Católica, como é óbvio. Mesmo que essa não se possa eximir de nenhum dos flagrantes atentados à liberdade espelhados nos compêndios da História. Liberdade física, de pensamento, de Fé.
Olhamos ali para o lado, para o Médio Oriente, por exemplo, e temos mais demonstrações de como o catecismo de uns leva à morte de mais uns poucos. E nem importa bem que o Divino seja Uno, seja o mesmo com outro nome, que a Fé seja bebida com igual sofreguidão.
Não há nada como um Papão para meter medo aos Homens. Odeio, detesto, abomino, a forma como todas as religiões monoteístas organizadas transformaram o Divino em Papão. Um Papão que não pode ser desobedecido, contestado, questionado, ou a punição deixa de ser acaso, passa a sina, pena perpétua, sem expiação.