2009-05-13

Far West


aqui


Não tenho explicações ou soluções milagrosas. Não conheço sequer os bairros de que falam ultimamente, ainda que também haja uns quantos no Grande Porto. Apenas sei que não me parece admissível que exista terra sem lei, apesar de toda a explicação sociológica que se apresente, ou do bairro cercado onde a violência foi transformada em ciclo vicioso, ou da maneira como o gueto se instalou na forma de pensar de quem o olha mas, muito especialmente, de quem o habita.

6 comentários:

I. disse...

A Bela Vista já um problema, e dos bons, há mais de uma dezena de anos, e os media parece que só agora é que acordaram para a vida. Não me lembro de ter havido um motim tão grave como este, mas já houve outros que até resultaram na morte de pessoas e ferimentos em polícias. De uma vez, a polícia foi cercada por meliantes e atiraram a matar num deles, para poderem fugir(o polícia foi absolvido, legítima defesa). A esquadra do bairro é continuamente cercada, atacada, e quem vai para lé deve rezar a todos os santinhos para se pirar.

Aquilo é o produto de más políticas de realojamento, dos idealismos tolos pós-abril (todos os pobrezinhos são vítimas, tadinhos). Entretanto há lá gente boa e trabalhadora que vive no meio desta miséria...

Para mim só há uma solução, a mesma que foi adoptada no Casal Ventoso e Azinhaga dos Besouros: demolição e realojamento de toda a gente, mas sem misturar ciganos e negros (já vivi perto de um bairro social com essa mistura explosiva, não recomendo), e separando o mais possível as pessoas (uma família num prédio, outra em outro e por aí fora). Acabar com o gueto é a única maneira de fazer alguma coisa daquilo, pá. Que não há polícia de choque que resolva. Que nervos.

Bartolomeu disse...

A chatice toda, e penso que o pessoal da administração interna mikou o problema, é que para lá de controlar os "meliantes" tambem é necessário controlar o maralhar da estrelinha prateada.
É que, acendendo-se a green light... minha amiga, a coisa vai ser sempre a «rasgar» e depois lá vêm os eternos defensores das garantias dos direitos humanos e de mais um porradão de cenas que só servem para baralhar a cachola àquele pessoal do ministério público e etc e tal.

mfc disse...

A observância da lei é necessária... mas a "ghettização" era dispensável!

Hipatia disse...

I., eu não tenho qualquer dúvida de que o gueto é tanto de fora para dentro como de dentro para fora. Há uma mentalidade de gueto e uma mentalidade de quem olha para o gueto enquanto tal. Nesse sentido, nem sequer teria grandes questões com o facto de pensar que, necessariamente, os agentes da autoridade olham para esses espaços e para quem lá vive com algum (ou muito) preconceito. Mas e os que estão do lado de dentro? Esses não me parece que queiram perder o gueto. De uma forma ou de outra, estão protegidos ao excluírem-se de deveres sociais, ainda que sejam lestos a exigir as chamadas prestações sociais, desde o direito à habitação até ao rendimento de inserção. Sendo que tudo acaba em forma de pescadinha de rabo na boca, na realidade não tenho quaisquer dúvidas em achar que aquilo só lá vai com terraplenagem. Mas, depois, será que quem nunca se deu ao trabalho de ser mais do que um marginal iria saber alguma vez respeitar o viver em sociedade, mesmo que convenientemente realojado –e a nossas expensas – para outro sítio? Será que podes confiar que tiras o gueto da pessoa, simplesmente porque a tiras fisicamente do gueto?

Hipatia disse...

O pessoal do MP não anda sempre de cachola baralhada? Cada vez que olho, parece-me mais que sim ;-)

E, sim - e isso parece-me mais consequência do que motivo - o pessoal das estrelinhas já trata aquela gente de forma diferente. A minha questão é esta: e podia ser de outra maneira? É que há muito que se perdeu a origem do problema. Agora só há reacções ao problema. E as reacções acabam quase sempre a espalhar o preconceito e o medo. Eu não conheço aqueles bairros em específico mas, atendendo a alguns que há por aqui, o medo acabou há muito por condicionar todas as acções, até aquelas do pessoal da estrelinha. Isso é normalmente o que acontece quando um qualquer espaço se esforça por se transformar num qualquer wild wild west. Mas talvez o mal ser eu, há muito, não assumir que pobres e coitadinhos são extactamente a mesma coisa.

Hipatia disse...

A guetização de que lado, Manel? De quem os exclui ou daqueles entre eles que optaram por se manter excluídos?