2006-03-17

O Grito


aqui


Sabem quando temos a certeza que lemos algures algo importante? Quando não descansamos até encontrar as palavras exactas, quem as disse, onde disse? E desatamos a folhear todos os livros à procura do sublinhado que tem de estar lá, que é forçoso que lá esteja?

Pois não encontrei o que andava à procura – e que era sobre a importância do culto mariano numa Igreja demasiado masculina, como se o dogma imposto pelas cúpulas não fizesse sentido para o crente no sopé das hierarquias da fé –, mas encontrei outra frase que faz cada vez mais sentido:

O Grito de Munch saiu das pinacotecas e instalou-se nas ruas…(*)

E depois vi as imagens do avanço das tropas americanas, coligadas com alguns iraquianos, sobre Samarra…


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(*) Luís Sepúlveda

2 comentários:

Miguel Horta disse...

Eu tive o prazer de ver o original na Tilska galerie, nos arredores de Estocolmo...
Este é só o quadro mais conhecido...
Há mais....e todos com a profundidade da Alma. Próximos de outros pintores expressionistas daquele tempo.
Tenho a certeza, que muitos de vós, algum dia tiveram esse grito total dentro.....o pintor, expressou-o.

Hipatia disse...

Claro que todos já o tivemos dentro de nós em algum momento. Mas nem é isso o que me choca mais: é antes o tanto que Sepúlveda tem razão ao afirmar que já não é um grito preso em qualquer peito; é um grito que se ouve pelas ruas.