(...)
Ahora sufro lo pobre, lo mezquino, lo triste, lo desgraciado y muerto que tiene una garganta
cuando desde el abismo de su idioma quisiera
gritar lo que no puede por imposible, y calla.
Balas, Balas
Siento esta noche heridas de muerte las palabras.
Rafael Alberti - Nocturno
... ali ao lado, as crianças já não são reféns. São cadáveres.
Se nos fosse possível espremer o mundo, quem ainda seria capaz de não se afogar em tantas lágrimas?
Dói!
E o mundo bóia. Boiamos todos...
Calejados pela dor, indiferentes perante a sua banalização, nauseados pela fartura de purgatório, tentamos antes saber quanto custará amanhã a gasolina.
Também dói.
Até que ponto este crescer na indiferença não vai matando em nós a humanidade?
E há um louco que ainda nos promete mais quatro anos de policiamento do mundo, esquecendo que, quando tal afirma, mais dez mil soldados se juntam às fileiras do fanatismo.
E entre o fanatismo cego e a arrogância desvairada, promessas de mais lágrimas de sangue são a única certeza.
Lá pela Rússia, as "baixas aceitáveis" são um conceito diferente, como diz um amigo meu. Num teatro já o tinham demonstrado. Agora foi numa escola... Mas "baixas aceitáveis" não são mais que baixas feitas de dor e irracionalidade e fanatismo e sangue.
Sempre o sangue, tanto sangue. Já não é sangue de vida. Só morte, tanta morte, tanta mortalha.
Morrem crianças e morrem mães e morrem pais e professores e velhos e novos e...
E nós lá vamos indo, até que quase já não dói.
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