2004-09-30

Precedências

(...) a conquista política do estatuto cívico – da ordem da cidadania, na qual o destino de cada um é definido não pela sua proximidade aos deuses, não pela sua pertença a uma família ilustre, não pela sua fidelidade a um chefe, mas pela sua relação com o princípio abstracto que é a lei – constitui uma primeira etapa.(...)

François Chatelet – História da Filosofia

Suponho que qualquer semelhança com um país que tem um governo que nega à oposição (toda a oposição) e ao país esclarecimentos sobre a nomeação de Celeste Cardona para a Caixa Geral de Depósitos, com a desculpa esfarrapada de "falta de precedentes"; ou qualquer semelhança com um país que tem um Primeiro Ministro que recusa receber abaixo-assinados de sindicatos representativos de enfermeiros, professores ou associações de estudantes entrará, sem dúvida, na categoria das precedências para regimes que fazem tábua rasa da democracia e pisam em cima de todos os direitos cívicos que a lei consagrou.

E viva a ditadura da maioria, de costas viradas para os cidadãos...

2 comentários:

Hipatia disse...

lol

Acho que sempre fui um bocadinho, Mofo. Deve ser por isso que gosto tanto de vos ir ler ;)

Hipatia disse...

On : 9/30/2004 12:55:00 PM cachucho (www) said:


Faço minhas as palavras do nosso amigo mofo
Parece que estás enresinada, e muito bem. Concordo em absoluto. Este governo está a re-inventar a democracia!

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On : 9/30/2004 1:33:54 PM Hipatia (www) said:


Às tantas, está mas é a reinventar a ditadura, Cachucho. Acho que já esteve mais longe.

Da democracia é que nem sinal, já que me parece que cada vez mais o destino de cada um é definido pela sua proximidade aos "deuses" (os tais que põem e dispõem dos destinos, de forma arrogante e em função de interesses mesquinhos), ou pela sua pertença a uma família ilustre (cartãozito cor-de-laranja ou azulinho, se for ex do governo, melhor ainda), ou pela sua fidelidade a um chefe (no caso, dois chefes, já que temos um monstro bicéfalo e ainda por cima cegueta e centrado nas modas e no populismo), em lugar de termos um governo que se preocupe com os cidadãos que lhe calhou governar. Isto porque, como é óbvio, nem sequer podemos falar de um monstro bicéfalo democraticamente eleito...

Falta quanto tempo? Dois anos ainda? Vou enresinar muito mais, não tenho dúvidas!