Mike Luckovich
A guerra poderá alguma vez ter justificação? E a guerrilha, parente pobre e suja da guerra? E o interesse de qualquer Estado poderá alguma vez exigir comportamentos amorais? Ou serão antes eles rapidamente propostos, desculpando-se o uso de um "terror menor" contra um terror sob a alçada de legitimidade de um Estado terrorista? E como se mede o terror? Em números de vítimas? Em números de vítimas evitadas? Ou apenas pelo silêncio dos que nem como vítimas se podem afirmar? E o que fazer das testemunhas? E o que fazer aos que, como Pilatos, apenas lavam as mãos?
11 comentários:
Os latinos diziam "Se queres a paz, faz a guerra." Se a palavra guerra fosse apenas entendida metaforicamente como "luta" ou "tenacidade" não vinha mal ao mundo (literalmente), mas entendida no seu sentido primeiro, não há, na minha opinião, situação alguma que justifique o terror e a morte de tantos inocentes.
Talvez deva inventar-se um medidor/detector de conivências para apanhar alguns Pilatos.
Boa sexta-feira. :)
Cada morte é uma tragédia, e duas mortes não é mais trágico que uma. Isto não é como o Obelix, que coleccionava capacetes para comprovar quantos romanos tinha aviado... é gente que nunca mais vai respirar, cujo potencial se perdeu irremediavelmente.
Dito isto, e sem tomar partido (que o meu partido é o do tenham juízo e sentem-se a uma mesa a conversar, apesar de ter dúvidas sobre a capacidade de diálogo de uma das partes) chateia-me o choradinho que por aí vai em relação às vítimas inocentes, que, em certas opiniões, ocorrem só de um lado. Há-as dos dois, e todas são de lamentar. E convinha censurar o terrorismo do Hamas de forma tão veemente como se censura a atitude de Israel, digo eu. Aquilo é tudo uma desgraça, e já todos perderam a razão.
Parece-me que qualquer guerra é sempre uma guerra de interesses. E aqui é claro o interesse em impedir a criação do Estado Palestiano.
Um amigo meu que nos anos 80 viveu em Israel, dizia-me que nem todos os israelitas são contra a Palestina e também que por cada israelita morto era ordenada a morte de 3 palestianos. Passados 20 anos parece-me que a situação é a mesma, com 2 povos a viverem permanentemente em guerra. Ora como ambas as partes não têm petróleo mas um delas tem bancos parece-me que está explicado porque se lavam mãos.
Andamos em àguas muitos estranhas, que deveriam ser reguladas para que as guerras não matassem inocentes, para que não se dessem. No entanto partindo de um exemplo muito estúpido acho que este dá para entender o que se passa à volta do globo neste momento. Vamos imaginar que estamos muito descansadinhos na nossa casa e que uma família de 10 pessoas entra por ela a dentro e decide abancar. Para não recorrermos à violência chamamos a policia, que nos dis que nada pode fazer, que está muito ocupada com outros assuntos, recorremos a outras autoridades e somos ignorados. Quais são as nossas hípóteses:
A) Deixar que a família de 10 passe a viver connosco numa casa de 4 assoalhadas
B)Recorrer à violência fisica para os expulsar já que eles não arredam pé
Venham-me cá dizer que viverima com uma família de 10 estranhos que eu vou rir. O exemplo é estúpido, mas se o tentarmos aplicar à escala global acrescentando a ele as outras implicações de que todos temos consciência...acho que o quadro fica mais simples de entender. Não é um que me agrade, mas este ser alienígena consegue-o entender. Quando o kaos começa a governar está tudo estragado.
Saudações alienígenas
Tenho sérias dúvidas que estes povos saibam viver sem ser em guerra, parece-me ser quase uma necessidade para se sentirem vivos!
Normalmente, esse "medidor/detector de conivências" é uma comunicação social livre, que relata para que todos possam formar opinião. Mas neste momento não existe: Israel proíbe os jornalistas de entrarem em Gaza.
Obviamente que se deve censurar o Hamas. Mas até que ponto o Hamas não é apenas resultado de mais de meio século de política israelita de concentração dos palestinianos em espaços cada vez mais pequenos, destituídos de tudo, até apenas lhes sobrar o ressentimento?
Tenho a certeza que nem todos os israelitas são contra o Estado Palestiniano ou sequer que aprovam a guerra e a política que a originou; como tenho a certeza que nem todos os palestinianos são terroristas. Mas quem se acha no direito de mandar - de um e de outro lado - é terrorista. E nem importa qual o eufemismo que se encontre para os desculpar.
Alien, existem mecanismos para regular estas situações. Não têm é força suficiente porque, como sempre, há uns estados que são mais estados do que outros. E, da mesma forma que se permitiu que os EUA invadissem o Iraque sobre falsos pretextos, ou que se deixou que no Uganda a chacina corresse célere, ou que no Sudão tanta gente continue a morrer sem ninguém fazer nada (e tantos, tantos exemplos), há por certo um conluio que não previne que uma situação com mais de meio século se continue a agravar.
É como está no cartoon, não é? Visto deste lado, parece que se chegasse ao absurdo de só sobrar um israelita e um palestiniano, ainda assim se iam tentar matar. E, no entanto, duvidas que em ambas as partes há quem prefira a paz? Eu não. E só lamento como essas vozes são sempre silenciadas.
Mais Vozes
Já não é segredo para ninguém que este hamas é uma criação dos serviços secretos israelitas de modo a destabilizar a OLP e a sua hipotética credibilidade e capacidade para negociar . hoje já ninguém nega que assim seja . o estranho é que ninguém relacione o facto com a conveniência de uma das partes, o estranho é não se considerar que a existência deste tal de hamas inviabiliza toda e qualquer possibilidade de paz . Se não formos nem hipócritas nem cegos ,rapidamente chegaremos á conclusão de quem tira partido desta guerra sem fim,. Não deve ser difícil entender-mos que a miséria e a desgraça estão apenas num dos campos, não deve ser difícil de entender que para cada israelita morto existem 50 ou 100 palestinianos vitimas deste conflito.
Eu não entendo como é que isto não é dito com clareza eu não entendo porque é que não se diz que o único interessado na continuação da guerra é Israel.
O conceito da guerra sem fim está aqui mais do que escarrapachado e a conta não custa nada a ser feita . é praticamente impossível destruir o hamas, logo é praticamente impossível existir paz, logo é impossível existir um estado palestiniano viável,logo Israel tem garantido o que sempre quis, logo o mundo tem um motivo para entender a barbaria q por aqueles lados se pratica , logo as opiniões publicas ficam divididas, logo isto não é tão cedo q vai acabar .
Tudo na paz do senhor e o mundo choroso a tentar entender a desgraça de ambas as partes.
Para quem já ouviu falar da historia do uss liberty nada do q actualmente no mundo se passa é difícil de entender
frogas | 01.09.09 - 9:00 pm | #
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Verdade.
Tanto mal, tanta vida desperdiçada, tanto ódio, em nome de quê afinal?
E há sempre alguém a lucrar com isto. O pessoal que faz as armas chegarem lá... e todos os que "patrocinam" de alguma maneira algum dos lados...
fabulosa | Homepage | 01.10.09 - 2:56 pm | #
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Não me parece mesmo que vá acabar tão cedo, Frogas. Incluindo mais esta guerra, que parece que até o exército israelita está sem ideias para o que deverá fazer a seguir. É certo que já entraram por ali a dentro; mas também é certo que agora se abeiram dos sítios onde, durante largos anos, concentraram populações paupérrimas. Ali, já não há como distinguir civis e militantes do Hamas. Quanto mais não seja, porque Israel, na sua ânsia de encontrar "espaço vital" (como isto tem conotações velhas, porra!"lebensraum"? alguém se lembra?), deixou aquela gente sem espaço. É um campo de concentração apinhado. E se chegam a matar tudo no seu caminho, até quando os EUA conseguiram segurar a restante comunidade internacional?
Hipatia | Homepage | 01.11.09 - 2:19 pm | #
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Obviamente que há lucros para muitos, Fabulosa. Se não houvesse lucro – real ou percepcionado – não havia guerras.
Hipatia | Homepage | 01.11.09 - 2:20 pm | #
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