2009-01-30

O X ainda marca o lugar


aqui

Dou de barato que os gajos são melhores do que as gajas nas tretas espaciais. Da mesma maneira que acredito piamente que não são melhores do que as mulheres em muito mais. Mas, pronto, quando mete mapas – e eu nem tenho mau sentido de orientação, sendo até bem melhor do que o de muitos gajos que conheço – um gajo que é gajo sabe os quelhos e as mulheres conhecem as avenidas.

Dito isto, tenho também a informar que acho a sinalética nas estradas no que diz respeito a Lisboa do mais pífia que há: foi feita para quem já conhece e está-se a cagar para quem chega de fora. Ora, ao contrário do que muito alfacinha – de gema ou aculturado – possa supor, há gente neste País que está muito pouco interessada em conhecer Lisboa. Aterra por lá de pára-quedas de quando em vez, ou por afazeres profissionais a que não se consegue baldar, ou porque caiu na asneira de gostar e ter a mania de visitar uns quantos amigos que não tiveram o bom gosto de fazerem vida a norte do Mondego.

Ora, uma mulher do Norte, se não se precavesse, ao ter de ir para o meio de Alcântara – ou lá perto – só a fiar-se nas placas de trânsito, o mais certo era acabar em Almada, que assim como assim também começa por "a" e pelo menos faz mais sentido do que saber que por aquelas bandas há uma pontinha que não há maneira de se abeirar à buraca.

No entretanto, já se pôs a irmã mais velha a tentar conseguir indicações mais ou menos precisas de como chegar ao tal sítio buscado. E a irmã, como se pode calcular, faz como todas as irmãs mais velhas e tenta salvar a "baby sister" do terror, da ignomínia, do martírio, de se ver perdida entre cril, crel, eixo para cima e para baixo, sul, norte, leste, oeste, ponte (mas só ponte para baralhar, que mesmo que sejam uns tristes em termos de pontes, que eu saiba há mais do que uma e ninguém devia ser obrigado a adivinhar) e mais a Buraca e a Pontinha e o caralhinho que não está no mapa mas deve estar na cabeça de quem pensou as placas.

Telefonei primeiro a uma miúda, aquela que eu achei que se situava normalmente o mais perto de Alcântara, ainda que pudesse estar enganada, que eu nessa terra só mesmo pela beira rio e, mesmo assim, mal me entendo. Pois não correu bem! De Google Maps e Michelin ainda podia ser que fosse, mas já não dava era tempo, que a cria já estava a caminho. Em desespero de causa pensa-se: telefone-se a um homem. E telefonei. Seguiram as indicações à confiança – que eu confio nos amigos – e fiquei descansada.

Soube agora que tal tinha corrido a viagem: pois que comprou um TomTom antes de sair do Porto porque podia não conseguir seguir as indicações; e que o TomTom é uma maravilha, que chegou lá sem problemas. Já agora, que eu podia dizer ao amigo que ele é tão bom como o TomTom, que para a próxima nem era preciso GPS. Tão bom como o GPS? Ena! É o que é: gajos e mapas. E nós e eles. É que uma gaja acaba obrigada a reconhecer-lhes valia, mas à confiança compra um TomTom.

13 comentários:

Anónimo disse...

mesmo vivendo a sul do Mondego e sendo gajo, como te compreendo...
abraço solidário dum que não tem nem um mísero byte dum TomTom
:(

carlos

Toze disse...

Não te fies nos gajos, nas tabuletas, nem nos mapas. Compra antes um TomTom, vais lá direitinha, é garantido :)

Da última vez que fui a Lisboa fui parar ao Jardim Zoológico sem quere, depois liguei à amiguinha para me vir buscar. Mas se ela não viesse também não tinha importancia, metia-me numa jaula, desde que tivesse palha, claro!

Hipatia disse...

Os pontos que tinha acumulados na conta do telemóvel estavam a ser gamados pela operadora e por isso troquei de telemóvel por um que traz GPS. Ou seja, eu não preciso de TomTom. Depois, sou a irmã mais velha, ie eu nunca me perco, Carlos, mesmo com as placas alucinadas de Lisboa :D

Hipatia disse...

Eu pericaso também costumo usar a técnica de telefonar aos amiguinhos. Até hoje, ainda nenhum me deixou tão mal ao ponto de considerar uma jaula como alternativa, Tozé :D

Anónimo disse...

telefonar aos amigos? ainda há dias: telefonei a um (acordei-o) a perguntar-lhe onde (eu) estava. é que saíra de Belém com ideias de ir para a A1-Norte. e já dera conta que passara o Marquês. vira um Porsche e pegara-me ao seu rabo entretido com a velhinha pergunta «porque é que todos os homens cinquentões sonham em ter um Poirsche?», quando dei por mim já o Porsche desaparecera e estava no túnel do Zé. felizmente (ele) disse-me que estava nas redondezas do rato e pelo que lhe contava na rua Nery, ou seja perto da liv. Trama que até era uma visita que há que tempos desejava fazer. ora até arranjei lugar - incrível, não é? aconteceu. depois de depenado mas de papo cheio fiz-me outra vez à estarda e cerca de hora e meia mais tarde já estava na 2ª circular. fixe
há um mês atrás fui levar o puto ao aeroposrto. uma aurora de domingo, p+ortanto só havia táxis voadores. não consegui encontrar a tal 2ª circular que à hora não circulava por ali, ou aos meus olhinhos. corri os Olivais de ponta a ponta rogando-lhes pragas.
sobre a rotunda de Almada não falo pois conheço-a vezes demais. odeio a merda a ponte. caio que lá que nem um pato. numa noite foram duas vezes seguidas. mas não fica por aqui:
há coisa de 2 meses, mais coisa menos coisa, saí de Lx eram nem 2 e cheguei a Santarém às 5. bué de curtido. pensei em vir pela estrada dos pobres e corri as redondezas todas de Lisboa até que dei com uma placa azul e enfiei-me que foi um ai. só estranhei qualquer coisinha quando vi a fábrica da Sagres e percebi que estava a regressar a Lisboa. consegui dar a volta (correcta) em Sacavém, ou seja estou a ficar hábil.
outra: há uns 2 anos fui de Carcavelos a Olival Basto, a uma cena das lusofonias no Malaposta. começava ás 9 e como me conheço saí ás 6. antes fui ao Google catar o mapa. um amigo deu-me instruções o mais precisas que se podem imaginar - até as escreveu e desenhou. raiava a noite quando desisti e perguntei a um gajo dentro dum camião que aldeia era aquela. estava no sopé da serra de Sintra. cheguei ao cimo da calçada de Carriche, nada mau. dei "30 voltas" àquelio sem descobrir como se descia. entreguei novamente armas e parei numa praça de táxis. contei a versão short da viagem. o gajo teve tanta pena de mim que, e porque lhe terminava o turno, disse-me para ir atrás dele que me deixava em O. basto "...e depois é fácil". isso. em O. Basto perdi-me. perguntei a uma senhora onde ficava o Malaposta - outra a vez a shot story que um gajo até tem vergonhas destas merdas. ela achou melhor telefonar para o Malaposta pois calha que até conhecia a malta de lá. e contou a short story e passou-me o telefone: «pára essa merda! desliga o motor, não te mexas! não te mexas!». vieram buscar-me. à entrada do Malaposta estava a pandilha a ver-me chegar a reboque para gozarem o prato.
um gajo fica traumatizado :(

carlos-sem-gps

Anónimo disse...

... mas não é só Lisboa: há uns 3 anos fui fazer um serviço very bad aos arredores do Couço, que é 20 kms depois de Coruche (até aqui chego bem). instruções todas tintin por tintin.
dei a volta à entrada de já nem sei que etrra*, Alentejo e pelos vistos do bem profundo :(


* nem quero lembrar-me!

Anónimo disse...

... mas adoro conduzir a minha Telma!

:))

Anónimo disse...

um último desabafo e volto para a cama - a resmungar:
a minha miúda mais velha tb vai apanhar o machimbombo voador às 7 da manhã de domingo. portanto tem de lá estar às 5. vai estar fora seis meses e ando há quinze dias a dizer-lhe que esteja descansada que faço questão de a levar ao aeroporto.
hoje disse-me de caras que já tem boleia do tio e que não está disposta a perder a gaita do voo por causa do pai que lhe calhou.
enfim

mfc disse...

Vamos combinar uma coisa.
Tu não te ris de mim quando eu não encontro aquilo que está na minha frente, e eu não te gozo quando não souberes no mapa como se vai da Torre dos Clérigos para a Avenida dos Aliados!
Combinado?!

Hipatia disse...

Bem! Eu sei que as placas de sinalização de trânsito da capital são uma anedota, mas isso já me parece um exagero. Por isso, Carlos, só tenho uma coisa a dizer-te:

COMPRA UM TOMTOM!

Hipatia disse...

Combinado, Manel!

Mas olha que nas nossas terras as placas sinalizadoras são muito mais explícitas (garantia da miúda lisboeta a quem telefonei primeiro e que teve de se pôr sozinha de carro daqui até ), ainda que não dirijam o nariz de ninguém para a manteiga que está logo ali, atrás do iogurte, na prateleira do meio do frigorífico ;-)

I. disse...

Lisboa é impossível para "estrangeiros" e para quem cá mora também não é grande coisa. Não faço ideia como é que alguém de fora consegue ir do aeroporto á baixa sem se perder. É apanhar um táxi e rezar às alminhas para que seja honesto.

Eu cá, quando tenho que sair da minha zona de conforto, vou primeiro ao via michelin e imprimo o mapa ;)

Hipatia disse...

Calculei que viesses cá dar-me razão :D