2009-02-01

Centrão


aqui


Que apareça uma moção de confiança; em alternativa, também me serve uma moção de censura. Que se deite abaixo o Governo, também não me parece mal de todo. E que venham já as eleições. Assim como assim, não me apetece conviver com rumores mata-que-mata-senão-esfola durante os próximos meses (são oito meses ainda, não é?) E, depois, que venham as alternativas. Rapidamente, para serem alternativas à governação e antes que se inventem, ou relembrem, ou fabriquem, ou denunciem, mais esqueletos putrefactos de parte a parte, que infelizmente só há duas partes e os outros são ruído. Estou farta do centrão mal-cheiroso. Mais farta ainda do jornalismo faz-de-conta e das fugas ao segredo de justiça que nos relembram diariamente que, afinal, vivemos numa república de bananas da Madeira e, desta vez, aquele outro (ainda) não está metido ao barulho.



Já agora, em jeito de micro-sondagem, havendo eleições antecipadas em quem votam? Relembro que os inspectores da Judiciária, mais as gentes do Ministério Público e muito menos os jornalistas e os grandes grupos económicos donos de jornais estão sujeitos ao escrutínio, mas como isto aqui é uma micro-sondagem de um blogue anónimo e anódino, podemos sempre tentar vota nesses. Afinal, quer-me parecer que há muito que são esses que querem fazer política.

9 comentários:

Maria Arvore disse...

Parece-me que o problema do centrão é que são alternância mas não alternativa um ao outro, porque ambos seguem a mesma prática política. Mais a mais que são financiados pelos grandes grupos económicos.

Isto não invalida que os grandes grupos económicos que possuem ocs numa altura de vender papel a não aproveitem e até permitam aos seus jornalistas fazer notícias. Os jornais sempre foram um contra-poder tanto que no tempo do senhor de Santa Comba Dão até a Bola passava mensagens nas crónicas dos relatos desportivos.

Logo, em eleições legislativas voto no «ruído» como forma de não pactuar com o que não concordo.

Hipatia disse...

"até permitam aos seus jornalistas fazer notícias"

Mas é que acho que usaste o verbo certo aqui, Maria Árvore: fazer notícias é diferente de fazer jornalismo. E no tempo do outro gajo, quando a Bola passava a mensagem no meio dos relatos, estava a fazer jornalismo da única maneira que podia. Hoje, fazem-se notícias, que já não são bem notícias. E as notícias não deviam ser só ruído. Mesmo e até que nos dê jeito "ouvir" esse ruído, por não gostarmos ou não querermos este centrão.

Anónimo disse...

(nas legislativas) voto num que NÃO eleja deputados pelo meu cículo eleitoral. ou seja que roube votos aos que elejem mas que NÃO eleja (por aqui).
é preferível ao voto em branco, nulo ou não pôr lá os pés. e o meu votinho, embora directamente não contribua para para lá pôr ninguém dá força à oposição - nºs globais.
isto dá-me sempre alguma trabalheira com Hondt-contas mas não me tenho enganado. até agora.
presidencias e autárquicas é outra frura.
nas europeias... aí sigo "o coração"


carlos

Hipatia disse...

Eu acho que já nem nas Europeias sigo o coração, Carlos. Aquilo é tudo farinha do mesmo saco e, pior, já nem me parece que se possa contar com a isenção do que está à volta :(

Mas, aqui entre nós, queremos mesmo jogar no escuro numa altura de crise como esta? Não havendo alternativas, para lá das que estão na mesa (mesmo havendo sempre a hipótese de Sócrates se demitir e não concorrer, coisa em que não acredito) vamos dar o voto a que oposição? Pensemos nas alternativas: Manuela Ferreira Leite, Jerónimo de Sousa, Paulo Portas e Louçã... O PCP e o BE não existem, para lá do ruído que fazem enquanto oposição a tudo, porque se opõem sempre a tudo, mas suspeito que ninguém os queira a decidir seja o que for; o CDS-PP não existe para além de Paulo Portas e, quanto a esse, sabemos bem que não o queremos perto de nenhum gabinete, ou acaba tudo fotocopiado e enviado de Jaguar para qualquer parte muito moderna. E sobra Manuela Ferreira Leite. Sobra? Bem, não sei se sobra, que a memória do pessoal é curta, mas não deve ser assim tão curta. Por mais que esprema os miolos, não há maneira de não achar que este "caso" agora retomado deve ter saído dos mesmos lados que da outra vez e, como então, pode vir a provar-se um valente tiro no pé, já que há muito se prepara para queimar em igual fogueira denunciantes e denunciados. No fim da palhaçada, não tenho quaisquer dúvidas que tudo ficará como dantes. E viva o Quartel de Abrantes.

Anónimo disse...

a minha intenção e sonho, Hipatia, assenta em duas partes e que tento realizar nessa minha forma de votar:
1- rua com governos maioritários - são a fonte da soberda, do "quero, posso e mando"; um governo de coligação (seja ela qual for) é forçado à pluralidade de olhares e sensibilidades;
2- uma oposição parlamentar forte, mesmo que dos caga-tacos pois são estes que tanta vez fazem o escarcéu que os 'grandes' deviam fazer e não sabem/não podem fazer.

mas realço o que disse: com o meu voto não vai para lé nenhum, sejam os da situação ou da oposição. o parlamento está(-me) totalmente descrebilizado. uso para torná-lo mais policromático no conjunto nacional mas não contribuo para meter nele ninguém, mais a mais que quem compõe as listas só lá para o 10º lugar é que é malta da 'terrinha' e acima disso são as quotas mais os excedentes mais os refugiados mais o raio qu'os parta de n sítios menos daquele onde concorrem

cg

Hipatia disse...

Porém, temo que nos reste apenas um pesadelo, Carlos:

1 - Nos partidos apenas muda a cor; no seu âmago, são todos iguais;

2 - À oposição apenas interessa deitar abaixo; qualquer proposta construtiva é vista como dar munição ao inimigo.

A democracia verdadeiramente representativa, com círculos uninominais, continua a ser uma miragem: não interessa realmente a nenhum aparelho partidário.

Anónimo disse...

Hip', não te retiro razão. mas se a alternativa é não pôr lá os butes "comigo não contem". as únicas vezes que não votei desde que estou em Pt foram por estar no hotel com a pior cozinha do mundo. Não o faço por atracção especial ao "jogo democrático" (como ele é cá jogado): faço-o por RESPEITO a tantos que admiro que deram vidas (de sacrifício, pelo menos) para que ele acontecesse.
além disso o Hondt "é cão" para o voto nulo ou o branco: enche o bornal dos mais votados...
aí... faço o meu "bodo aos pobres" e arrelio os grandes.
venham os uninominais e a conversa (pode ser) é outra
falo dasLegislativas. autárquicas e presidenciais são outra fruta: aquelas porque é malta que conhecessemos, não carantonhas dos jornais e da tv. estas, porque nelas a bipolarização está bem presente, como em mais nenhumas, e eu sei bem em que lado "da barricada" estou e quero manter-me.
as tais europeias... para mim são fait-divers... dou-me ao luxo de votar em siglas (ao menos nessas, uma vez, bolas!), quase sem reflectir - Bruxelas é tão longe, por muito que me digam que é lá que se manda...

cg

Hipatia disse...

Ah, mas eu também vou lá sempre. Confesso que, das últimas vezes, mais do que o branco me apetecia pintalgar o boletim de voto com caralhos, para os mandar para os ditos. Mas também não sou de ir e depois dar-lhes ou no branco ou no nulo. Mesmo que apeteça. E voto: sistematicamente contra alguém, já nem importa em que tipo de eleição. E insisto e insisto e insisto. Por dever de cidadania, obviamente. Mas muito especialmente pelo tanto que custou a alguns verem o dia em que era possível haver voto livre neste País de tanga. E talvez por isso mesmo me irrite profundamente esta democracia travestida, dominada por uma classe sem classe alguma. E também por isso me apego a alguns princípios que pensaria fundamentais, como aquele que sempre nos impingiram de que pior do que um culpado na rua é um inocente na prisão. E por isso não vou lá sem provas e só porque, especialmente nos jornais e em certos blogues de direito, tantos se lembraram de gritar “apanha que é ladrão”.

Anónimo disse...

Mais Vozes

A Ilda Figueiredo ainda é candidata ás europeias ? pois … nessa não voto
Votar numa gaja que dá ideias ao sindicalismo camone nem pensar
Só de pensar votar num gajo que fez ao país o que eu fazia ao meu pai quando tinha 12 anos dá-me vómitos . Claro que eu tinha motivos para me esconder atendendo a que era asmático. Só que ao contrario de moi, este corre, e eu com ele até corria caso pudesse .
O bloco faz-me lembrar aquelas noites de forte bebedeira dos meus tempos de criança quando me predispunha a falar sobre tudo o que não entendia mas ao qual achava graça. depois o bloco tem o Rosas e de rosas estou eu farto( como já disse sou alérgico) não tenho a menor intenção de me enganar no caminho indo parar a um roseiral que tanto me faz mal .
Falta uma porta para fechar este quarteto de miséria não é verdade? Mas desta claro que nem vale a pena falar
Votar em branco ? não sei se é a minha solução. A abstenção ? não, não me atrevo a perder as mais lindas fatiotas da estação.
Não sei ! estou mais confuso que a gaja da novela, mas cheira-me que vou acabar por votar de novo nos únicos gajos que ainda vão irritando um pouquinho quem por aqui tem mandado
frogas | | 02.03.09 - 12:47 am | #

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Não voto no que parou no tempo, em quem continua a achar que em democracia ainda é o Partido que manda e desmanda, até para além do voto do povo, como tem acontecido com a mania de quererem depor Presidentes de Câmara eleitos democraticamente. Eu sou da geração que viu o comunismo e o socialismo de Estado pelo lado de fora com o seu pior ar e ainda acha que a Queda do Muro de Berlim foi das melhores coisinhas que aconteceram nos finais do século defunto. E na esquerda temos em Portugal dois partidos que só servem para estorvar e disso fizeram a razão da sua existência. Se um deles ainda apresenta, no meio de muita merda, algumas coisas com que concordo, os jurássicos do costume não têm para mim hoje uma única proposta com nexo, adaptada à realidade. E a utopia não enche a barriga e a utopia nunca foi o que praticaram, nem sequer o que é praticado nos regimes que, cegamente, alguns continuam a defender. E a minha ideia de oposição, em democracia, passa por muito mais do que só estorvar. Tenho destas manias de que eles estão lá para fazerem alguma coisa e não apenas para dizerem que o que é feito não serve, sem apresentarem qualquer alternativa com sentido. Depois, sendo de esquerda, fiquei sem o velho centro-esquerda em que me revia. Este PS é mais direita do que muito do que o PSD podia ou queria ser. E o PSD neste momento não é: um bando de cães atrás de um osso, em guerra de facadas em todas as costas que apareçam, não é alternativa para nada. O PP do PP é anedota: não conta para nada, a não ser que sejam precisos dois ou três votos na AR à guisa de queijo limiano. E é por isso que estamos fodidos. Muito fodidos.
Hipatia | | Email | Homepage | 02.03.09 - 7:31 pm | #

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Estaria razoavelmente perto de te dar razão caso não soubesse daquele velho ditado popular que nos diz que quem tem cu tem medo. Quero com isto dizer que o medo para quem se instalou no poder á 30 anos é perder o poleiro de que tanto gostam. Tal como tu também não tenho grande fé neste PC ( apesar das razões não serem bem as mesmas ) mas o certo(para mim ) é que este ou outro qualquer PC lhes mete um niquinho de receio. É neste receio que aposto é neste receio que eu deposito a minha pouca fé .

É claro que tal como tu também penso que estamos fodidos para bem da verdade já acredito nessa foda á muito muito tempo.

Vamos lá a ver se me consigo explicar. Para mim o papel do Pc nesta historia não difere muito do da vaselina noutros actos relacionados com merda ,para mim um PC forte obrigaria a que outros suavizassem as suas mais que previsíveis investidas
frogas | | 02.03.09 - 9:46 pm | #

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Não acho que tenham qualquer respeito, muito menos medo, do PC, Frogas: o PC perde poder e votos a cada ano que passa e, nas próximas, volta a cair ainda mais, "comido" essencialmente pelo BE, mas ainda mais pelo geriátrico que está. E já devias saber que a nossa sociedade não respeita velhos. Especialmente aqueles velhos que se esqueceram de acompanhar os tempos e adaptarem-se a realidades que não se compadecem de discursos que nem em 1917 se conseguiram adaptar – sem dar cabo dela – à realidade. Ninguém tem medo de um partido que nunca vai ser poder, para lá de meia dúzia de Câmaras que vai perdendo, enquanto perde – ou desbarata – os seus elementos mais capazes.
Hipatia | | Email | Homepage | 02.03.09 - 9:59 pm | #

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a adaptação aos tempos ás politicas e ás mentalidades da actualidade é coisa que não me entusiasma nada . quanto ao que tens como certo vamos esperar para ver , vamos esperar pelo aumento do desemprego e seus derivados e depois veremos se tens razão.

Eu continuo na minha o trabalho à jorna vai ser coisa do futuro mas também não nos devemos esquecer que já foi coisa do passado
frogas | | 02.04.09 - 2:34 am | #

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Mas nesse dia o PC continuará sem ter uma única ideia nova, uma que já não tenha sido tentada ou do outro lado da Cortina de Ferro, ou na Coreia do Norte, ou em Cuba, ou até mesmo o que tentaram fazer por cá no Verão Quente de 75. E nada disso resolve a crise e não é com isso que uns poucos – os do partido, provavelmente – deixam de se transfor em potentados e, do outro lado, fica o povinho ainda mais miserável. E vamos lá esperar pelos votos: bem sei que eles, a cada ano que passa, conseguem transformar as derrotas em vitórias, mesmo que ninguém que esteja de fora perceba as contas. Mas daí a serem Lobo Mau vai uma grande distância.
Hipatia | | Email | Homepage | 02.04.09 - 8:13 pm | #