aqui
Se um dia me vir assim condenada a uma morte em vida, a um caixão feito cama articulada, que alguém tenha a gentileza de me deixar morrer.
Porque há sofrimentos e desumanidades que ninguém merece, por mais que uns inventem decretos-lei por medida ou outros - a quem não reconheço qualquer autoridade moral - tentem dizer que não.
Porque há sofrimentos e desumanidades que ninguém merece, por mais que uns inventem decretos-lei por medida ou outros - a quem não reconheço qualquer autoridade moral - tentem dizer que não.
17 comentários:
Tu tens ali em baixo um post, que peço licença para transcrever, com o qual vou comentar estes pseudo defensores da vida.
Aqui vai...
putas putas putas putas putas
putas putas putas
putas de merda!
eheheh
Esse post era da Fabulosa, mas acho que tens toda a razão. E aproveito e retomo a resposta que lhe deixei lá:
cabrões, cabrões, cabrões, cabrões, cabrões, cabrões
Só posso concordar contigo... e também faço minhas a palavra que escreveste repetidamente na resposta ao primeiro comentário.
De tudo o que li, Eluana está morta há muitos anos. Tantos quantos aqueles em que o seu cérebro não funcionou. E sem um cérebro vivo não há vida. Que deixem descansar o corpo, mesmo que seja preciso matá-lo à fome.
Quem em tempos queimou gente em fogueiras à fartazana devia abster-se de comentar a dignidade das pessoas porque é uma coisa que não preza e que ainda há poucochinho o provou ao absolver um nazi.
Quem usa a dignidade de outra pessoa para a sua campanha eleitoral também só merece perder.
Felizmente, cá por Portugal a deputada Maria de Belém teve uma ideia para contrariar este estado de coisas: o testamento vital. Há vezes em que é bom saber que temos deputados a trabalhar bem. ;)
E a legislação sobre doação de órgãos também. Lembras-te como era dantes? Tinha que se andar com uma declaração a dizer que doávamos; agora é o contrário e felizmente: quem quer ser egoísta até com o corpo morto precisa inscrever-se no Registo Nacional de Não Dadores. Mas ainda estamos sujeitos a que nos apareça um qualquer cromo lambe-botas do papado a anular ambas as iniciativas.
alargando-me ao âmbito "Eluana" vou tecer umas ideias cá do moi. tenho como correcto que os direitos humanos são mais que os que constam no manual. no da eutanásia estabeleço difreença entre o doente estar ou não consciente: se o está, aceito-a como sua decisão absolutamente soberana. se não, há que haver prudência científica no tomar da decisão (que, aqui, parece-me ser o caso).
mas há outro lado: o direito, de dê maisúsculo ao ser dispor da sua vida inclusivé interrompendo-a irrevogavelmente. sim, o suicídio, é isso mesmo. acho-o direito pleno do ser vivo. uma vez li uma coisa ao jpt (ma-schamba, embora ache que todos conhecem) que não esqueci. e caso tivesse acontecido muito recentemente e-mailamos acerca disso. mais ou menos, disse que os filhos são os nossos maiores ditadores pois privam-nos desse último direito, desse inquestionável direito caso não haja quem dependa de nós até 'voar' sozinho. abro parênteses para bater sete vezes na madeira e gritar abrenúncio. mas penso nisso, aliás: acho que "todos" numa ou noutra altura pensamos nisso seja em momento de desânimo profundo ou face a uma notícia, a uma leitura, ao divagar o raciocícinio por qualquer rotunda congestionada, pensamos "academicamente" nisso. e chego àquela dupla conclusão: é meu direito. que me é sonegado como opção por acção de terceiros que são os únicos que não são nossos terceiros pois chamam-nos pai.
parece-me bem translúcido que na epiderme individualista do acto o seu recheio é igualmente tão individual, único, que não há regra aplicável: aludo a um acto solitário e não o associo a actos tribais-místicos à la Jim Jones e partenaires. é a decisão solitário não "do que desiste", "que foge" mas que concientemente, lucidamente, decide "terminar" - e as suas razões só a ele dizem respeito. o argumento-jpt lixa o raciocício e derruba a sua lógica, invertendo-a e transformando-a no que atrás reneguei: passa a fuga, covardia, ignomínia.
má onda este comentário. mas foi o que me buliu quando soube de "Eluana", de "Juan", de tantos afinal. mesmo daqueles que tão sãos que até passariam uma inspecção para o serviço militar (ex.) optam por... sim. ninguém tem nada com isso - fora a excepção-jpt, mesmo que em sentido mais lato.
e repito que é má onda o comentário e disso peço revelia à gerência. até porque quero continuar a "okupar" cxs de comentários dos outros, oyé :)
cg
Hipatia:
idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem idem
Ora eu que sou Pexe...ao ver uma foto dessas sinto-me quase como um bacalhau.
Mas tambem sou da tua opiniao!
Gostei do Blog ! torno a voltar.
B´jos
Pexe
Há actos de desespero que não chegamos a entender, como daquele pai que matou toda a família e depois se suicidou à conta de dívidas e da possibilidade de ficarem desempregados; como há outros que se suicidam e deixam ficar os problemas para quem fica. E é por isso que o suicídio tão depressa qualifica como desespero como cobardia. De qualquer forma e excluindo os que se vão e deixam os problemas ou os que levam os outros com eles, penso que é direito nosso dispor do nosso corpo. E, se tenho várias dúvidas no que respeita ao suicídio puro, não as tenha em relação ao suicídio assistido. Esse decorre normalmente de uma situação de doença incurável e é opção em consciência de alguém que, por vários motivos, não o consegue fazer sozinho. Não penso que possa ser criminalizado. Se um dia me vir incapaz para o acto pelas minhas mãos, porque o corpo não me obedece mas a mente está lúcida e capaz, que alguém tenha a gentileza de me ajudar. E se um dia me vir com o cérebro morto amarrada a uma cama, que considerem a eutanásia e deixem que o meu corpo vire cinza finalmente. E que aproveitem e levem tudo o que já não me faz falta: que o meu corpo incapaz sirva para salvar e/ou melhorar a vida a alguém. Não reconheço qualquer direito à moral judaico-cristã para dizer que o meu corpo não pode ir para o crematório, se o cérebro estiver morto.
(não é má onda, Carlos; são coisa que (também) precisam ser faladas)
Pois, Filipa!
A imagem é mesmo poderosa, não é? Assim, uma cruz feita cama, o corpo preso e sem direitos, de costas como que para perder humanidade. Como imagino a Eluana, há 17 anos disputada sem ninguém lhe respeitar realmente a cruz e o que, em vida, disse ser a sua vontade.
Bem-vindo ao Voz em Fuga, pexeseco!
É revoltante que não se deixe viver, nem morrer !
O que me revolta realmente é a forma como esta mulher, que há muito merecia ter paz e descanso, foi convertida em joguete :(
Sou a favor da eutanásia
É! Acho que no fundo também sou. Mas também acho que nunca o afirmaria assim com tanta certeza como tu :(
Mais Vozes
Cristo na cruz tinha uma coroa de espinhos na cabeça e estava de frente para nós não é verdade ? É a barbaria que esta imagem nos transporta, eu, pelo menos , fui para ai levado ao vê-la. Lembrei-me agora de repente de um filme canadiano que tem por titulo invasões barbaras, lembrei-me do seu final ,do modo simples como um grupo de amigos ajuda um dos seus a partir . Não sei , não sei se caso o problema me estivesse próximo se não cagaria nas leis e nas suas consequências . De fora é fácil , não tenho a menor das duvidas que perante uma realidade idêntica estaria tão preso como os familiares desta rapariga . Não sei , não sei mas alivia-me pensar que confrontado com idêntica situação teria os tomates necessários para agir
frogas | | 02.09.09 - 1:03 am | #
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Os familiares de Eluana andam em Tribunais há 17 anos para que seja respeitada a vontade que aquela manifestou em vida de nunca ficar em estado vegetativo. E foi esse pedido que os Tribunais agora reconheceram e a Santa Sé e o Berloquezinho fascista lá do sítio querem impedir. Parece que o Presidente Italiano teve que lhe explicar que, nem ele, Berloquezinho, estava acima do poder legislativo e que o outro calhau pode até mandar no Vaticano, mas não manda nos Tribunais italianos. Quanto a decidir pelos meus, bem, essa difícil. Sei o que decidiria quanto ao meu corpo. E acho que apenas quanto ao nosso corpo podemos decidir. Mas se soubesse que era vontade deles, se mo tivessem dito, se mo pedissem, nem que emigrasse de propósito para a Suíça para lhes fazer a vontade.
Hipatia | | Email | Homepage | 02.09.09 - 5:56 pm | #
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Apesar de saber que não sou lá muito certo em muitíssima coisa não sei se num caso idêntico seria capaz de levar as minhas convicções até ao ponto de não retorno
frogas | | 02.09.09 - 10:30 pm | #
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Nem eu, Frogas. Tenho certeza quanto à forma como disporia do meu corpo. Não tenho nenhuma sobre o meu direito a pedir a alguém que o fizesse
Hipatia | | Email | Homepage | 02.09.09 - 10:41 pm | #
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