O que me irrita em Sarah Palin é o tom de anedota: é vista em tom jocoso, analisada com piada, desbaratada com um sorriso. E, no entanto, Palin é uma figura feminina daninha. E é daninha porque é medíocre. Para além da política de um País que não é nosso, do voto que não faremos numa democracia onde uns votos são sempre mais votos do que outros, para além do velhadas a tiracolo e da filha que devia ter tido educação sexual em lugar de ir passear para a carreira do tiro. E para além do caranguejo e do urso no escritório. A participação feminina nos destinos políticos do Mundo continua a não ser semelhante à posição das mulheres no resto da vida pública desse mesmo Mundo. Pelo menos do Mundo Ocidental, que é o que eu conheço. E a anedota Palin é um retrocesso, um anátema com demasiada exposição mediática e dois neurónios que debitam banalidades e generalidades. E, para além de qualquer gargalhada descrente e esgar enojado que me provoque, Palin é profundamente perigosa. Só o facto de existir e ter sido colocada como bandeira política dos conservadores a torna perigosa. Só o facto de representar esse mesmo conservadorismo de raiz evangélica, fundamentalista e ignorante, deveria ser o suficiente para todas nós, mulheres, o lamentarmos. É que de todas as vezes que os desmandos dos gajos que fazem política há décadas nos afundam num qualquer esterqueiro, penso que está na hora de pôr uma mulher a meter ordem na casa. Mas depois há as mulheres e há as Palin. E as Palin são daninhas.
10 comentários:
Esta ouvi no Daily Show, e o Jon Stewart assegurou que não era piada mas a pura verdade: parece que no alasca, na cidadezinha que ela governava, as vítimas de violação tinham que pagar o rape kit (conjunto de instrumentos com que se faz a recolha de indícios seminais). Fiquei tão chocada que nem tive coragem de ir averiguar se é verdade. Prefiro ainda acreditar que poderá ser piada.
Dito isto, essa senhora mete-me medo, muito medo. E é tudo o que tenho para dizer, para além de que concordo com o que dizes e subscrevo-o.
São as Palin que deveriam ficar em casa, a fazer tricot e a ver a novela. Mas quem disse ao raio da mulher que podia sair da cidadezinha?!
Ah! Já me esquecia, deve ter sido um homem (inteligente).
Quando as mulheres entram na política porque os homens decidiram por elas que assim fosse aumentam muito as hipóteses de eles escolherem bonecas decorativas.
Curiosamente, em Israel, nado e crescido em clima de guerra contínuo, em que ambos os sexos vão à tropa, as mulheres costumam dar melhores prestações na política.
Imagine-se só meia tragédia, que era o McCain ganhar as eleições. depois vamos ser um pouco pessimistas e atendendo à idade do man e (mau) historial clínico dava-lhe uma coisa ruim e "ia-se" (truz, truz, sete ves: não estou a desejar a morte de ninguém).
A Palin tornava-se Presidente dos USA por direito inatacável (o Ford foi-o tal e qual quando o Nixon deu de frõxes). Era pior que a tragédia completa: soa a Catástrofe Global :(
Eu não acredito que os eleitores americanos - mesmo os republicanos - não pensem nisto. A escolha da Palin para 'sub-chefe de turma' garantiu a vitória do Obama.
Só os "ferrenhos" que votam pela cor do partido mesmo que sejam o Bafo-de-Onça e a Maga Patalógica os candidatos porão a cruz numa dupla daquelas.
A avaliar pelas opiniões que (noutros blogues) tenho visto expressas sobre os homens, sou obrigado a chegar à conclusão que Sara Palin é na verdade um gajo; e sem dúvida que deve usar a lima das unhas para tirar a cera dos abanos.
;-)
Também vi e nem sequer estranhei :(
Que esperar de uma gaja que usa o seu cargo e o seu poder para se meter nos assuntos de família da irmã? Ressabiada por proximidade? E quando abre a boca e debita sempre a mesma coisa mal amanhada? Idiota? E que melhor exemplo temos das tais das públicas virtudes? O sexo é pecado, mas o sexo que a minha filha adolescente faz não é notícia? E os sapatos, pá? Vamos matar mais um crocodilo?
(Eu até com os sapatos da mulher embirro, issa!)
São gajas destas que, no leite com que amamentam, perpetuam o preconceito e a imbecilidade. E isso é perigoso e profundamente nocivo para qualquer conquista que as mulheres ocidentais tinham alcançado, Vidinha.
Lembraste-me de imediato a Golda Meir. Que mulher! Cheia de defeitos, com várias decisões que raiaram o fundamentalismo e até o crime e, no entanto, uma fera que conquistou e mereceu o respeito. Grande diferença para uma qualquer Palin!
Eu, vindo dos lados dos EUA, estou preparada e espero tudo, Carlos. Afinal, não elegeram o Bush? Pior, não elegeram o Bush duas vezes?
LOL
Se tivesse tempo para ler alguns blogues, cheira-me que concordava (quase) totalmente contigo. O restinho de discordância era para a lima: talvez apostasse antes na unhaca :D
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